Pentecostes - Dia – Ano B


(At 2,1-11; Sl 103[104]; 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23)

1. A liturgia da Palavra se abre com essa memória bíblica desse ‘derramamento’ do Espírito Santo sobre a Igreja. ‘Vento’ e ‘fogo’ fazem alusão aos eventos divinos do Antigo Testamento, mas mesmo recorrendo a todo esse simbolismo, trata-se de algo novo.

2. Há um acento sobre a Palavra que é compreendida e que se expande num cenário de universalidade. O Espírito promove e anima o anúncio do Evangelho a todos os povos. Assim tem sentido cantar o salmo que segue, pois eis que o Senhor não só renova, mas em Jesus faz novas todas as coisas.

3. Essa vida nova no Espírito traz uma nova dinâmica à vida comunitária e as relações humanas de um modo geral. Pelo batismo, todos os crentes, embora diferentes por razões étnicas e culturais, formam o único corpo de Cristo. Daí a necessidade de manter a unidade e tomar consciência que o Espírito age em liberdade e concede a todos os dons que julga necessário para o bem comum.

4. Paulo quer recordar a nossa realidade batismal, desse Espírito derramado sobre nós desde então. É preciso colocar as qualidades e aptidões ao serviço do crescimento e da vitalidade da Igreja.

5. “Ninguém é inútil e estéril na Igreja quando se deixa guiar pelo Espírito de Deus que atua para o bem de todos. O único obstáculo à ação vivificadora do Espírito é a tendência a considerar seus dons como um direito de propriedade e não como um compromisso ao serviço e à partilha recíproca” (Giuseppe Casarin).

6. O evangelho nos leva de volta àquela tarde do dia da ressurreição. Para João, naquele mesmo dia o Senhor concedeu a seus discípulos o dom do Espírito Santo, para que prolonguem a missão pelo perdão dos pecados, um dos aspectos de renovação dessa nova humanidade nascida do lado de Cristo, que nos revelou que o mal e os pecados não são impedimento para o encontro com Deus.

7. “Em Jesus Cristo, Deus torna-Se próximo de cada ser humano, liberta-o e renova-o no íntimo. O Perdão de Deus torna possíveis as novas relações que estão na base da comunidade” (Giuseppe Casarin).

8. É esse sopro restaurador de Deus que no início da criação deu vida ao ser humano. Por isso nós pedimos que Ele nos renove e reacenda em nós esse desejo de comunhão com Deus que dá novo sentido ao nosso caminhar, cantando nessa sequência o humilde reconhecimento das necessidades do nosso ser criatural.

9. A comunidade reunida para celebrar a liturgia de Pentecostes pede a Deus que ‘continue hoje, na comunidade dos crentes, as maravilhas’ que realizou no começo da pregação do Evangelho. Que ilumine a nossa mente, reacenda a caridade, dê-nos a fortaleza necessária, livre-nos das ciladas do inimigo e dê-nos principalmente a paz, para evitarmos os perigos e as incertezas do caminho. Amém.

 Pe. João Bosco Vieira Leite