Santíssima Trindade – Ano B


(Dt 4,32-34.39-40; Sl 32[33]; Rm 8,14-17; Mt 28,16-20)

1. Retomamos o Tempo Comum com a solenidade da Santíssima Trindade, uma espécie de coroamento das solenidades que encerram o Tempo pascal. Um olhar ainda mais aguçado para o mistério do Deus que se revelou em Jesus Cristo e nesses últimos dias derramou sobre nós o Seu Espírito.

2. É desse revelar-se sem comparação que nos fala o autor da 1ª leitura. O texto quer fortalecer a fé do antigo Israel em Deus e falando do poder e da ternura com que agiu ao longo dessa caminhada. Ao mesmo tempo abre caminho para o mistério da encarnação, onde seremos capazes de não só sobreviver à presença divina, mas conviver com Ela. O salmo complementa os elogios dos cuidados e da confiança em Deus.

3. Dessa convivência com o Filho, Paulo nos revela uma outra realidade que se instala: nossa filiação divina. É pelo Espírito que compreendemos e vivemos nessa realidade nova. Como Jesus, também queremos ser fiéis ao Pai em meio as inconstâncias dessa nossa vida, pois carregamos uma esperança que ultrapassa a barreira da morte.

4. O final do evangelho de Mateus nos serve como referência de uma Igreja que já vive envolvida nesse mistério Trinitário e é enviada nessa mesma missão que já foi e é divina. É a revelação desse ser de Deus que nós recebemos que deve ser levada adiante. Mas acima de tudo saber que não caminhamos sós.

5. Em seu evangelho Mateus caminhou entre um Jesus austero e severo, mas ao mesmo tempo ‘manso e humilde de coração' (Mt 1,29), como a fazer um equilíbrio entre o Antigo e Novo Testamento. Nossa compreensão do mistério divino mudou muito.

6. “O Deus do céu e da terra, que os hebreus julgavam que não se podia ouvir sem perder a vida (Dt 4,33), entrou no nosso pobre mundo em Jesus e agora, como diz Paulo, habita como Espírito Santo em nossos corações (cf. Rm 8,15). [...] A revelação do amor de Deus e a comunicação desse amor não só a alguns, e nem sequer a todos em conjunto, mas a cada um na intimidade do seu coração, aconteceu e durará para sempre, como diz a última palavra do Evangelho (Mt 28,20)”. (Pe. Romeu Cavedo in Leccionário Comentado – Paulus).

7. A experiência desse mistério de comunhão está para nós na comunicação que mantemos através da oração, na comunhão do mistério eucarístico, que nos sustenta e suscita a fé, a esperança e o amor que brota da Trindade Santa que hoje celebramos, ousando penetrar no mistério de Deus. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite