(Ez 18,21-28; Sl 129[130]; Mt 5,20-26)
1ª Semana da Quaresma.
“Se levardes em conta
nossas faltas, quem haverá de subsistir? Mas em vós se encontra o perdão, eu
vos temo e em vós espero” (Sl 130,3-4). Este salmo penitencial reúne em
si delicada sensibilidade, simplicidade e sinceridade de linguagem e a mais
profunda percepção da natureza do pecado e da graça. O salmo constitui a
confissão de fé de um homem piedoso, a quem foi dado erguer-se da mais profunda
angústia pelo pecado até a certeza da graça e do perdão divinos. “Como a
criança que apanhou evita o olhar do pai, ele não ousa expressar imediatamente
o pedido pelo perdão dos pecados, pois sente fortemente quão pouco lhe assiste
o direito, por causa de sua situação, para esse tipo de pedido. Só depende da
decisão de Deus se quer ou não perdoar. [...] À pergunta ‘se levardes em conta
as nossas faltas, quem haverá de subsistir? ’ subjaz o reconhecimento oprimente
do gigantesco poder do pecado e da paralisante impotência do homem que nele
caiu. Está entregue nas mãos divinas para a graça e a desgraça, e diante de
Deus não é possível esconder o verdadeiro estado do homem. Mas – eis o que é
maravilhoso – o conhecimento da natureza do pecado perante Deus ao mesmo tempo
abre os olhos para ver a grandeza da divina graça” (Artur Weiser, “Os
Salmos” – Paulus)
Pe. João Bosco Vieira Leite