4º Domingo da Quaresma - Ano A

(1Sm 16,1b.6-7.10-13a; Ef 5,8-14; Jo 9,1-41)

1. A Bíblia é um livro que testemunha de modo insistente, que os critérios do agir divino não têm nada a ver com o nosso. Na busca de entender a Deus devemos nos deixar conduzir pela luz da fé e pela confiança. Assim podemos ler esse trecho de Samuel sobre a escolha de Davi, futuro rei de Israel, que vai na contra mão das escolhas comuns. O olhar de Deus vai numa outra perspectiva.  

2. Se “as aparências enganam aos que odeiam e aos que amam”, o homem de fé sabe que seus passos e seus dias estão sob o olhar e a condução de Deus. Reza o nosso salmo.

3. Luz e treva sempre nos serviram de comparação entre o bem e o mal, vida e morte. Assim Paulo recorda aos que foram iluminados por Cristo, como devem andar. Mas Paulo acrescenta uma ação que é resultado de uma consciência bem formada: denunciar as obras das trevas. Esses últimos tempos em nossa sociedade sabemos bem o que isso significa. Um misto de incertezas nos acompanham, mas estamos enxergando um pouco melhor nossa própria realidade e convidados a decidirmos o que queremos daqui pra frente.

4. Quem se decidiu pela vida cristã sabe que existe um itinerário de fé pela frente. Ver, a partir da fé, coloca de modo evidente certas situações e atitudes que são obscuras ao nosso redor. Acompanhando a trajetória desse cego do evangelho podemos acolher a luz que nos traz o evangelista João.

5. As limitações humanas não são castigos divinos, esclarece Jesus aos seus discípulos. Esse não é o Deus que ele lhes revelou. Deus intervém na vida do cego recuperando lhe a vista, que quando passa a vê, torna-se alguém estranho aos seus compatriotas. A fé deve provocar mudanças significativas.

6. Como na primeira leitura, muitos estão convencidos que Deus só pode agir dessa maneira, que a bondade ou a maldade das pessoas ou coisas estão bem definidas a partir de nós mesmos. Como os pais dos cegos, nem sempre nos comprometemos com a verdade por medo de perder algo.

7. Acompanhando as atitudes do que foi curado percebemos sua liberdade diante dos que lhe rodeiam; não se deixa intimidar nem de apresentar a verdade dos fatos. Mas permanece aberto em sua busca de compreender o que lhe aconteceu. João traça um perfil de quem se deixou iluminar por Cristo e por sua Palavra.

8. Jesus está no começo e no fim da narrativa. Ele dá sentindo a esses dois pontos da nossa caminhada, veremos mais claramente no próximo domingo. Por enquanto resta perceber que para chegar a reconhecer a Jesus como Senhor de nossa vida e aceita-lo na fé, é preciso avaliar o quanto a sua luz tem envolvido a nossa existência e feito diferença. Esse mesmo mistério da luz será revivido em nossa celebração da vigília pascal.

 Pe. João Bosco Vieira Leite