(Gn
14,1-4; Sl 32[33]; 2Tm 1,8b-10; Mt 17,1-9)
1. Desde sempre Deus caminhou com a humanidade, mas
lhe aprouve manifestar-se a homem chamado Abrão, convidando-o a aventura da fé.
Dele virá o futuro Israel. Dito assim tudo parece muito bonito e poético, mas
na realidade algumas situações políticas e econômicas o obrigam a deixar sua
terra. Ele lê, nesses fatos, um novo caminho a partir da fé em Deus.
2. Esse texto tem a ver com os adultos que estão se
preparando para receber o batismo, nesse Ano da Quaresma em nossa liturgia.
Também eles são chamados a viver um caminho de fé, tendo que deixar para trás
muitas coisas. O caminho de Abrão é o modelo do caminho de todos quantos vivem
a dimensão e o desejo de responder ao chamado de Deus. Se deixa muito, mas é
muito mais o que Deus promete.
3. Milhares de anos depois, um outro homem vive
também o drama da fé. É para ele que escreve Paulo. Já bispo de Éfeso, Timóteo
enfrenta, juntamente com as comunidades, as dificuldades de um cristianismo que
avança em meio às perseguições. Mas Paulo centra seu discurso na vocação
cristã como um dom, em Cristo Jesus.
4. É para o mesmo difícil caminho da fé que Jesus
quer preparar seus discípulos. Para isso, leva-os a uma montanha e lá se
transfigura. Transfigurar-se seria mudar a forma ou feições. Na realidade Jesus
queria deixar transparecer a divindade escondida em sua frágil humanidade.
5. Estamos de novo sobre um monte. Há detalhes na
narrativa de Mateus que nos remete a experiência de Moises quando subiu ao
monte para receber os dez mandamentos. Entendemos uma vez mais sua insistência
em apresentar Jesus como um novo Moisés. Tudo fala da presença de Deus que
envolve Jesus, como no Batismo: o Filho amado, escolhido.
6. A presença de Moisés e Elias que ladeiam Jesus
deixa clara a nova orientação que Deus dá ao seu povo. Pedro supõe que tudo
seja igual, mas a voz orienta a quem devem escutar a partir de então. Moisés e
Elias desaparecem, já cumpriram sua missão. Todo o seu ministério, no mistério
da fé, caminhava para esse momento.
7. Aqueles que estavam se preparando para o batismo
deveriam tomar por guia o próprio Jesus na doação da própria vida. Desde Abrão
até hoje continuamos a escutar o convite de Deus a sairmos de nossa terra, das
coisas a quem nos prendemos para abraçar o caminho da fé.
8. Nunca saberemos exatamente o que nos espera ao
longo do caminho. Sabemos apenas que é preciso andar. Para quem anda é
necessário um guia, uma luz, um itinerário. Jesus é essa proposta de Deus para
os homens e mulheres de todos os tempos. Ele mesmo é a terra prometida que
esperamos, na paz que experimentamos, na comunhão com Deus que buscamos.
Pe. João Bosco Vieira Leite