(1Sm 16,1-13; Sl 88[89]; Mc 2,23-28) Tempo Comum
Queridos amigos, estamos retomando
nossas reflexões diárias da Palavra de Deus; algumas indicações importantes
para nos contextualizarmos e algumas pistas que nos permitam refletir. Sempre
que encontro um comentário esclarecedor ou inspirador acrescento o texto entre
aspas e cito a fonte. Continuemos juntos e que a Palavra de Deus permaneça como
luz em nosso caminho.
Nessas quatro primeiras semanas do
Tempo Comum acompanharemos o 1º e 2º livros de Samuel, onde nos são
apresentadas as três grandes figuras de Samuel, Saul e David. Já acompanhamos o
chamado de Samuel a ser juiz de Israel em tempos de crise. Vimos a perda e o
retorno da Arca da Aliança; a oposição de Samuel ao desejo do povo de um rei,
que por fim acaba cedendo e dando-lhes um rei: Saul. Acentua-se a difícil
relação entre Samuel e o rei e cria-se espaço para o anúncio do reinado do
futuro Davi, ungido no texto de hoje. Temos nesse contexto uma forte crítica ao
reinado humano para reafirmar a soberania de Deus sobre o seu povo. O grande
problema do rei está no afastamento sistemático da Palavra de Deus; aqui
podemos encontrar um “gancho” para nos perguntarmos sobre nossa fidelidade à
Palavra do Senhor, que nos fez profetas, reis e sacerdotes pelo batismo.
Durante as nove primeiras semanas do
Tempo Comum, acompanharemos o evangelho de Marcos. Como já perceberam, ele
aparece como segundo no Novo Testamento, mas um estudo mais apurado revelou que
na realidade ele é o mais antigo dos evangelhos. A 1ª coisa que Marcos nos
tenta esclarecer é quem é Jesus. Ele vai nos conduzindo nesse descoberta e
identificação, pois num segundo momento vai se delineando a figura do
discípulo, sua dificuldades no seguimento e na percepção dos próprios
obstáculos que traz no coração. Seu texto tem alguns momentos chaves que veremos
mais adiante em nossa leitura e meditação.
Hoje encontramos Jesus que passa com
seus discípulos por uma plantação de trigo e a fome os faz retirar algumas
espigas; a fome justifica essa invasão em campos alheios, mas o problema é o
sábado e as atividades que não se podem exercer nesse dia; começa aqui as
controvérsias com os fariseus. Jesus deixa claro a sua compreensão da vontade
de Deus para o seu humano: o sábado foi criado para o homem e por causa do
homem. Se a vida corre perigo, é possível transgredir a lei, pois a rigidez da
observância pode esvaziar seu verdadeiro sentido. Nós que vivemos a fé a partir
de certas observâncias temos que tomar a consciência que elas são indicadores e
não um fim em si mesmo.
Pe. João Bosco Vieira Leite