(Ne 8,2-4a.5-6.8-10; Sl 18b[19]; 1Cor 12,12-30; Lc 1,1-4;
4,14-21)
1. Vez ou outra a nossa celebração
exalta o significado e a força da Palavra de Deus; a traz ainda mais para o
centro, como hoje.
* O texto da 1ª leit. retoma um período
em que o povo de Deus, após retornar do exílio da Babilônia tenta reorganizar
sua vida, mas as coisas parecem que não vão bem.
2. O diagnóstico daquela triste
situação se encontrava no distanciamento do povo de Deus de Sua palavra, por
isso o sacerdote Esdras resolve fazer uma convocação para um dia especial de
celebração em torno da Palavra.
* Tudo é muito bem preparado, como deve
ser cada celebração, o povo escuta de modo atento, se comove e toma consciência
do quanto se distanciaram da proposta divina.
3. Esdras convida a uma atitude de
alegre retomada da proposta de Deus. Aqui está o esquema da nossa liturgia da
palavra, que herdamos das comunidades judaicas.
* o lugar mais alto, as reverências, o
estar de pé, por reconhecer, para além do livro, aquele que nos fala. Antes da
mesa da eucaristia, vem a mesa da palavra.
* Quando nos sentimos distantes de Deus
ou espiritualmente fracos, podemos encontrar alimento e nutrição e alimento
espiritual na Palavra de Deus. Que ele renove em nós esse desejo de escuta.
4. Esse longo texto que ouvimos na 2ª
leitura é sequência do domingo anterior. Paulo vê na comunidade cristã a
diversidade de dons como uma riqueza.
* Todos são úteis e importantes, por
isso deve-se evitar que o ciúme e a inveja desestabilize a vida da comunidade,
que é comparada a um corpo com seus diversos membros.
5. É curioso que ao apresentar uma
certa hierarquia eclesial ele apresente em 1º lugar os apóstolos, os profetas e
os que tem a missão de ensinar (catequistas).
* A intenção de Paulo não é exaltar
tais pessoas, mas a importância que Palavra tem na comunidade, como a formação
é importante, só depois vem as outras coisas.
* numa sociedade de valores invertidos,
até a religião pode virar de ponta cabeça: muitos buscam primeiro os milagres,
as curas, dom de línguas: e tudo vira um espetáculo. Onde está a verdadeira
raiz da fé?
6. Depois das narrativas da infância,
da figura do Batista e do Batismo de Jesus, Lucas nos introduz em seu evangelho
propriamente dito.
* Ele não conheceu Jesus diretamente;
apenas conviveu com aqueles contemporâneos de Jesus: os apóstolos, a Virgem
Maria, alguns discípulos e o próprio Paulo.
7. É na fidelidade ao que ouviu e em
suas pesquisas que empreende uma narrativa. O ministério da Palavra exercido
pelos que o antecederam lhe permitiu tal façanha.
* Assim ele nos convida, durante esse
ano, em cada celebração dominical, trazer um pouco mais de luz ao caminho de fé
que estamos fazendo, pela renovada escuta e meditação da Palavra.
8. Na 2ª parte, Lucas nos apresenta
Jesus iniciando o seu ministério público, num dia de sábado, quando a
comunidade judaica se reunia para ouvir a palavra, sendo ele também membro
dessa comunidade.
* Lucas é um artista no uso das
palavras e isso exige atenção de nossa parte. Jesus abre o livro; como se
quisesse nos dizer que todo o Antigo Testamento agora se torna compreensível.
9. Após a leitura ele se senta, como um
mestre; os olhares se voltam para ele. O texto que ele escolheu falava de um
tempo difícil onde o profeta aparecia, em nome de Deus, como um consolador.
* Ele afirma que aquela palavra acabara
de se cumprir. É Ele o novo consolador, o profeta, o Filho de Deus que vem para
fazer um tempo novo.
10. Aqui podemos compreender porque
continuamos a ler o Antigo Testamento em nossas celebrações à luz do evangelho:
pelo seu sentido que vai se consolidando no próprio Jesus e na vida dos que
abraçam a sua causa.
* A missão de que nos fala Jesus foi
prefigurada por ele e continua no compromisso de milhares de homens e mulheres
nesse mundo.
11. Há os que se dedicam a ensinar,
outros enveredam pelas pesquisas científicas com novas descobertas que curam e
facilitam a vida dos seres humanos.
* Alguns lutam por justiça para todos
combatendo as desigualdades e os desmandos. Muitos talvez nem tenham
consciência de participarem desse movimento de Jesus para trazer alegria e
libertação.
* Como nos lembra Paulo, cada um é
importante, desde que tome consciência, na fé, do seu papel no plano da
salvação que Deus quer oferecer a todos.
Pe. João Bosco Vieira Leite