(Is
42,1-4.6-7; Sl 28[29]; At 10,34-38; Lc 3,15-16.21-22)
Tempo do Natal.
1. A festa do batismo de Jesus encerra
o tempo do Natal e nos faz cair, já na segunda, na 1ª semana do tempo comum. É
a apresentação pública de Jesus, início do seu ministério, após longo e
misterioso tempo de vivência em meio ao seu povo.
2. A liturgia nos traz o texto de
Isaias que nos apresenta a figura do “Servo do Senhor”, uma imagem que os
estudiosos não conseguem identificar muito bem, mas que os cristãos associaram
logo a Jesus, particularmente no processo da paixão percebe-se uma
identificação com esse personagem, o que permitiu entender como Deus age em
contraposição a violência e a injustiça humana.
3. O texto é a apresentação inicial do
“Servo”, do porque ele foi escolhido e qual a sua missão. O importante é ver
que ele não terá a conduta que comumente caracteriza os poderosos deste mundo.
A liturgia insere esse texto porque tudo quanto escreveu o profeta sobre tal
“Servo”, Jesus o realizou. E assim nos apresenta sua pessoa, escolha e missão.
4. A 2ª leitura é caracterizada pela
constatação feita por Pedro que Deus não faz acepção de pessoas e assim os
pagãos são acolhidos dentro do cristianismo. A fé em Jesus advém não da raça,
de uma cultura, mas de uma adesão à sua Palavra. Pedro também faz uma breve
apresentação de Jesus.
5. Por fim aparece aquele que as duas
leituras e o próprio João Batista menciona e que se insere na fila dos que vão
receber o batismo de João. A expectativa das pessoas daquela época era produto
de várias situações de pobreza, exploração, domínio romano, injustiças e de
tantas outras mudanças que tornassem as relações possíveis. Também nós
carregamos nossas expectativas para as nossas celebrações em relação as
situações que vivemos em nosso dia a dia.
6. Era fácil confundir o Messias
esperado com a figura de João Batista, ele percebe e esclarece quem ele é numa
atitude de profunda humildade. Mas o Messias apresentado por João parecia ainda
mais severo que ele em suas atitudes. João é fruto do seu tempo, de uma
espiritualidade que alimentava o temor de Deus.
7. Segundo a 1ª leitura, ele será bem
diferente da figura desenhada por João. Ele já começa se inserido na realidade
do seu povo, mesmo sem ter pecado, recebe o batismo de conversão de João. Ele
se mistura ao seu povo, ele não julga, não tem repugnância, não condena
ninguém. Junto com eles fará o caminho que conduz à verdadeira libertação.
8. Lucas faz questão de salientar a
oração de Jesus enquanto recebe o batismo. Oração é busca de comunhão com Deus.
Ele reza ao Pai constantemente, avaliando os fatos que vão acontecendo, fazendo
projetos e acima de tudo descobrindo a vontade de Deus. Dessa intimidade ele
recebe a luz necessária e a força para seguir adiante. No mais a narrativa de
Lucas segue o esquema de Marcos e Mateus.
9. Os céus se abrem numa expressão de
que Deus não está mais distante, ele habita agora em meio aos homens, não está
mais “zangado” com a humanidade. O Espírito desce não como fogo, mas como uma
pomba, símbolo do carinho, da ternura e da bondade que é Deus mesmo quando vem
sobre o ser humano.
10. A voz denuncia e fecha a
apresentação de quem é Jesus: o Filho predileto do Pai. Assim a face
misericordiosa do Pai se revela em Jesus. Ao longo desse ano, Lucas nos
revelará ainda mais quem é Jesus e por tabela compreenderemos quem é Deus em
sua natureza e em seu amor por nós.
11. Que nossas comunidades saibam se
identificar com os pobres e pecadores para atraí-los sempre mais ao coração de
Deus e que encontre na oração a comunhão, a força, a ternura e o amor de Deus
que pode transformar vidas, inclusive a nossa. Renovemos também nossas
promessas batismais nesse dia.
Pe. João Bosco Vieira Leite