29º Domingo do Tempo Comum


(Is 53,2a.3a.10-11; Hb 4,14-16; Mc 10,35-45)

1. Creio já ter comentado que por três vezes Marcos apresenta o anúncio de Jesus sobre a sua paixão com as respectivas reações dos discípulos, porque não dizer, nossas também. Nos dois versículos que antecedem ao texto proclamado Jesus faz mais uma vez tal anúncio, e surpreendentemente ninguém o persuade a deixar tal caminho ou mesmo lhe faz perguntas.
2. Num total quadro de incompreensão aparece o pedido de João e Tiago a respeito dos “primeiros lugares” num possível reino a ser inaugurado por Jesus em sua subida para Jerusalém. Na realidade, eles se antecipam aos demais com relação as suas pretensões. É um risco que corre todo aquele que empreende na comunidade um caminho de liderança e não percebe a dimensão do serviço e da entrega.
3. Jesus é claro com seus discípulos e acrescenta duas imagens para ajudá-los a entender melhor o que pedem. O cálice tem sentido positivo e privilegiado da partilha com o outro da vitória, da alegria; mas negativamente pode ter o amargo fel da dor, da derrota. E é provável que esse seja o sentido usado por Jesus. A um custo para se entrar na glória. 
4. A imagem do batismo passa pelas mesmas águas da morte para se chegar à vida. Estariam eles preparados para tal? Quando Marcos compôs o seu evangelho, Tiago já havia sido martirizado. O que eles não entenderam de modo racional, compreenderão na prática e a comunidade que ouve essas palavras têm claro o sentido que Jesus lhes dava.
5. Era necessário tirar da dinâmica do reino toda forma de poder e privilégio como eles conheciam até então. O modelo a ser seguido é o do servidor, como Jesus, que lhes lavou os pés. Assim entendemos a 1ª leitura, do servo fiel de Isaias. Deus já vislumbrava o seu Messias a partir de uma visão diferente, quebrando a cadeia do poder com a imagem do servidor, ainda que para isso haja algum sofrimento.
6. Jesus continuará sendo para nós um modelo confiável, nos diz a carta aos hebreus, pois em tudo viveu a nossa condição humana: tentado, mas vitorioso, não permitindo que o pecado tivesse a última palavra.
* Objetivamente o texto se volta às comunidades cristãs lhes perguntando sobre o como a autoridade é exercida em seu meio? Como se comportam os responsáveis em suas funções?
* para além da comunidade cristã, estamos nós em nossas relações de trabalho ou mesmo matrimonial. Como servimos a partir desse modelo que Jesus nos apresenta de si mesmo?



Pe. João Bosco Vieira Leite