Segunda, 15 de setembro de 2025

(Hb 5,7-9; Sl 30[31]; Jo 19,25-27) Nossa Senhora das Dores.

“Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas,

àquele que era capaz de salvá-lo da morte”. Hb 5,7.

“A Liturgia apresenta Nossa Senhora das Dores a participar estreitamente da Paixão de Nosso Senhor, como participou das vicissitudes de sua vida inteira. Realizou-se a profecia de Simeão: ‘Uma espada transpassará tua alma’ (Lc 2,35), envolvendo Maria nos sofrimentos de Jesus. Penetrava Nossa Senhora cada dia mais profundamente no mistério da Cruz. Lemos hoje na 1ª leitura da Missa: “Cristo, nos dias de sua vida mortal’ (Hb 5,7), quis compartilhar da sorte dos pecadores, quis padecer, isto é, ‘padecer com’ eles e por eles. ‘Gemidos e lágrimas’ (ibidem) arrancou-lhe o peso imenso desse padecimento! Pensemos nas agonias do Getsêmani e do Calvário! Entretanto, Jesus se sujeitou a tudo voluntariamente em obediência ao querer do Pai celeste. Não obstante fosse Filho de Deus, ‘pelos sofrimentos suportados conheceu por experiência a submissão’ (ibidem, 8). Nossa Senhora seguiu o seu Jesus nesta estrada: sofreu com ele e com a humanidade inteira para salvá-la. Cada novo sofrimento sempre a encontrou disponível ao divino querer, pronta a repetir o ‘Fiat’ da Anunciação. Submetendo-se à vontade do Pai, tornou-se Cristo ‘causa da salvação eterna para todos os que lhe obedecessem’ (ibidem, 9), e Maria, pela participação na obediência e no sofrimento dele, cooperou na Redenção dos homens. Ao mesmo tempo, em união com o Filho, a todos ensinou o caminho da obediência. Quanto custou a Nossa Senhora a submissão à vontade de Deus, di-lo a espada que lhe traspassou a alma durante a vida inteira, assim como o holocausto supremo que consumou, enfim, aos pés da cruz. Aí ‘esteve não sem desígnio divino, sofrendo intensamente junto com seu Unigênito. Com Ânimo materno se associou ao sacrifício dele, consentindo com amor na imolação da vítima por ela mesma gerada’ (LG 58). Grande realidade exprime o título de ‘Rainha dos mártires’ que a Igreja atribui a Nossa Senhora! Sofreu mais que todos os mártires, pois somente a ela foi pedido sacrificar o dileto Filho que era também seu amadíssimo Deus. Mil vezes mais doce ser-lhe-ia certamente morrer que assistir à crucifixão e à morte de Jesus! O cristão sente necessidade de compartilhar de dor tamanha, e reza com a Liturgia: ‘Ó Deus, quiseste que, junto ao vosso Filho elevado na cruz, estivesse presente sua Mãe Dolorosa: concedei à vossa Igreja associar-se com ela à Paixão de Cristo, para participar da vida do Senhor Ressuscitado’ (Coleta da Missa)”. (Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD – Intimidade Divina – Loyola)

 Pe. João Bosco Vieira Leite