(Cl 3,12-17; Sl 150; Lc 6,27-38) 23ª Semana do Tempo Comum.
“A vós que me escutais, eu digo: amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam” Lc 6,27
“Será que Jesus não exagerou em suas colocações? Amar familiares, parentes, amigos – especialmente quando nos fazem o bem – tudo certo. Mas inimigos? Pau neles – é o que merecem. De fato, é um absurdo amar os inimigos. Mesmo assim, Jesus não arreda pé da sua proposta. Ah! Jesus utópico. Como é bom ver as utopias rasgando as trilhas das boas intenções. Só que... Só que Jesus deu um exemplo nada utópico: amou os pecadores, seus inimigos portanto, e os amou até a morte e morte de cruz. Que amor, então, é esse? Não é o amor natural que busca vantagens pessoais, retribuições, recompensas ou, pelo menos, o prazer de ter feito algo de bom em favor de alguém que o mereça. Pelo contrário, o amor de Cristo, o ágape, é um amor que não busca vantagens, nem recompensas, nem leva em conta o possível mérito da pessoa amada. É um amor, portanto, que foge a todos os nossos parâmetros usuais. É com ele que vamos amar os inimigos. Só uma dificuldade: se não vamos ganhar nada e se o tal do inimigo nada merece, por que ou como amá-lo? Só pelo exemplo de Cristo? Certamente que não é só por isso. O fundamental reside no seguinte ponto: o amor de Cristo, que nos liberta da culpa e do poder do pecado, também nos dá o poder de o imitarmos. Nem sempre, é claro, seremos imitadores perfeitos. O mais provável é que façamos, na maioria das vezes, uma caricatura desse amor. Mas, seja como for, o amor de Cristo está em nós. Pela fé o temos integralmente. Vivamos, pois, pela fé. Muitos inimigos se tornarão amigos nossos e de Deus. – Senhor Jesus, dá-nos a fé que aprende teu amor de amigo para aprendermos a amar os inimigos. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite