Quinta, 18 de setembro de 2025

(1Tm 4,12-16; Sl 110[111]; Lc 7, 36-50) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Por essa razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor” Lc 7,47.

“Nessa cena, Lucas não quer apenas pintar a atitude carinhosa de Jesus para com a pecadora. Com certeza ele visa também à situação na sua comunidade. Presumivelmente havia lá entre os cristãos alguns ‘fariseus’, que desdenhavam recém-convertidos que não tinham um passado lá muito respeitável. Muitas vezes são exatamente as pessoas convertidas depois de uma situação trapalhada que mostram uma cordialidade especial. Seu amor é expressão do perdão que experienciaram. Quem vivencia o perdão como libertação de uma vida de fracassos sabe também perdoar os outros de todo coração. Não se coloca acima dos pecadores, pois sabe que ele mesmo estragou a própria vida antes que o perdão o colocasse no novo caminho da salvação. Como Estevão, perdoará até seus assassinos, imitando assim o exemplo de Jesus (At 7,60)” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 17 de setembro de 2025

(1Tm 3,14-16; Sl 110[111]; Lc 7,31-35) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Mas a sabedoria foi justificada por todos os filhos de Deus” Lc 7,35.

“Tanto João Batista quanto Jesus, foram objeto de rejeição e acolhida. Tudo dependia da maneira como as pessoas se aproximavam deles e se deixavam tocar por suas palavras. Havia gente sinceramente desejosa de converter-se. Mas, havia, também, gente fechada em seus esquemas, que se irritava diante do convite à conversão. Os pobres, os excluídos e os pecadores mostravam-se sensíveis às palavras que Deus lhes dirigia, e davam ouvido a Jesus e a João, reconhecendo neles a preocupação divina com a salvação de seu povo. Com esta ajuda, reconstruíam sua própria dignidade. No polo oposto, estava a liderança judaica, cuja hostilidade Jesus e João tiveram sempre que enfrentar. Tudo quanto faziam, era mal interpretado. A vida ascética e dura do Batista era tida como obra do demônio. Só um possesso podia ser antissocial. A vida normal de Jesus, no convívio com as pessoas, fazia dele um comilão e beberrão, vergonhosamente misturado com gente de conduta censurável. Esta má vontade persiste da liderança judaica não lhe permitia deixar-se tocar por quem quer que fosse. Uma semelhante atitude era grave, pois se opunha ao projeto divino. Urgia comportar-se como filhos da sabedoria e deixar-se instruir pelos enviados de Deus. – Espírito que gera filhos da sabedoria, que eu não demore em deixar-me tocar pela palavra de Jesus, sem interpor dificuldades (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 16 de setembro de 2025

(1Tm 3,1-13; Sl 100[101]; Lc 7,11-17) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse:

‘Jovem, eu te ordeno, levanta-te!’” Lc 7,14.

“Jesus faz parar o cortejo fúnebre e, diante da expectativa da multidão que formava o cortejo e daqueles que, acidentalmente, se encontravam presentes à cena, com gesto majestoso e segurança na voz, estende o braço em direção ao corpo do defunto e manda-lhe com autoridade: ‘Moço, eu te ordeno, levanta-te!’ (v. 14). Jesus aparece-nos aqui, por um lado, como um dos profetas do povo de Deus, que dá a vida aos mortos, porque somente os profetas de Deus podem falar com a autoridade do próprio Deus. Mas Jesus nos aparece também como o profeta por excelência, anunciado pelos outros profetas no Antigo Testamento. Jesus é o Messias prometido, maior que todos os profetas a ele anteriores ou posteriores. É ele quem dá sentido a todas as profecias. Não se esqueça de que agora é você o/a chamado(a) para transmitir a doutrina de Jesus. Você, ante o cadáver do mundo de hoje, que perdeu a vida da graça, deve assumir seu papel profético e, mesmo achando-se diante de um cadáver, revista-se primeiro da confiança de poder fazer reviver esses ossos áridos pela vitalidade da palavra de Deus” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 15 de setembro de 2025

(Hb 5,7-9; Sl 30[31]; Jo 19,25-27) Nossa Senhora das Dores.

“Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas,

àquele que era capaz de salvá-lo da morte”. Hb 5,7.

“A Liturgia apresenta Nossa Senhora das Dores a participar estreitamente da Paixão de Nosso Senhor, como participou das vicissitudes de sua vida inteira. Realizou-se a profecia de Simeão: ‘Uma espada transpassará tua alma’ (Lc 2,35), envolvendo Maria nos sofrimentos de Jesus. Penetrava Nossa Senhora cada dia mais profundamente no mistério da Cruz. Lemos hoje na 1ª leitura da Missa: “Cristo, nos dias de sua vida mortal’ (Hb 5,7), quis compartilhar da sorte dos pecadores, quis padecer, isto é, ‘padecer com’ eles e por eles. ‘Gemidos e lágrimas’ (ibidem) arrancou-lhe o peso imenso desse padecimento! Pensemos nas agonias do Getsêmani e do Calvário! Entretanto, Jesus se sujeitou a tudo voluntariamente em obediência ao querer do Pai celeste. Não obstante fosse Filho de Deus, ‘pelos sofrimentos suportados conheceu por experiência a submissão’ (ibidem, 8). Nossa Senhora seguiu o seu Jesus nesta estrada: sofreu com ele e com a humanidade inteira para salvá-la. Cada novo sofrimento sempre a encontrou disponível ao divino querer, pronta a repetir o ‘Fiat’ da Anunciação. Submetendo-se à vontade do Pai, tornou-se Cristo ‘causa da salvação eterna para todos os que lhe obedecessem’ (ibidem, 9), e Maria, pela participação na obediência e no sofrimento dele, cooperou na Redenção dos homens. Ao mesmo tempo, em união com o Filho, a todos ensinou o caminho da obediência. Quanto custou a Nossa Senhora a submissão à vontade de Deus, di-lo a espada que lhe traspassou a alma durante a vida inteira, assim como o holocausto supremo que consumou, enfim, aos pés da cruz. Aí ‘esteve não sem desígnio divino, sofrendo intensamente junto com seu Unigênito. Com Ânimo materno se associou ao sacrifício dele, consentindo com amor na imolação da vítima por ela mesma gerada’ (LG 58). Grande realidade exprime o título de ‘Rainha dos mártires’ que a Igreja atribui a Nossa Senhora! Sofreu mais que todos os mártires, pois somente a ela foi pedido sacrificar o dileto Filho que era também seu amadíssimo Deus. Mil vezes mais doce ser-lhe-ia certamente morrer que assistir à crucifixão e à morte de Jesus! O cristão sente necessidade de compartilhar de dor tamanha, e reza com a Liturgia: ‘Ó Deus, quiseste que, junto ao vosso Filho elevado na cruz, estivesse presente sua Mãe Dolorosa: concedei à vossa Igreja associar-se com ela à Paixão de Cristo, para participar da vida do Senhor Ressuscitado’ (Coleta da Missa)”. (Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD – Intimidade Divina – Loyola)

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Exaltação da Santa Cruz

(Nm 21,4-9; Sl 77[78]; Fl 2,6-11; Jo 3,13-17) *

1. Hoje a cruz não é apresentada aos fiéis no seu aspecto de sofrimento, da dura necessidade da vida ou mesmo como caminho para seguir a Cristo, como no domingo anterior. Hoje ela nos vem no seu aspecto glorioso, como motivo de orgulho, não de pranto.

2. Em sua origem, essa festa nos recorda dois acontecimentos distantes entre eles no tempo. O 1º é a inauguração de duas basílicas, uma no Gólgota e outra sobre o santo sepulcro de Cristo, pelo imperador Constantino em 325. O outro acontecimento, no século VII, é a vitória cristã sobre os persas na recuperação das relíquias da cruz e o seu retorno triunfal a Jerusalém.

3. Com o passar do tempo, a festa adquiriu um significado autônomo. Tornou-se a celebração gloriosa do mistério da cruz que, de instrumento de ignomínia e de suplício, Cristo transformou em instrumento de salvação. Este é o dia – cantava um antigo poeta cristão –, em que “refulge o mistério da cruz”.

4. As leituras refletem esse recorte. A 2ª leitura nos traz de novo o hino da Carta aos Filipenses, onde a cruz é vista como motivo da grande ‘exaltação’ de Cristo. Também o Evangelho fala da cruz como o momento em que “o Filho do Homem seja levantado, para que todos que nele crerem tenham a vida eterna”.

5. Essa evolução e compreensão do mistério da Cruz de Cristo vem nos revelado também pela arte. Nas antigas basílicas europeias e nos crucifixos da arte romana, a cruz vem apresentada ou confeccionada como algo glorioso, cheio de majestade, por vezes sem o Cristo, ornada de pedras preciosas e embaixo escrito: “Salvação do mundo”.

6. Quando o Cristo aparece nesse tipo de arte, ele está em vestes reais e sacerdotais, com olhos abertos, sem nenhuma sombra de sofrimento, mas majestoso e vitorioso e sem coroa de espinhos. Assim queria corresponder às palavras de Jesus: “Quando eu for exaltado atrairei todos a mim” (Jo 12,32).

7. Os tempos modernos, já desde a arte gótica vai se definido uma outra representação da cruz mais marcada pela expressão da dor, do sofrimento em representações com uma cabeça que agoniza sob uma coroa de espinhos e um corpo profundamente chagado. Diante de algumas dessas expressões ou se adquire a fé e a perdemos de vez. Não se pode manter-se indiferente.

8. Esses dois modos de representar trazem à luz um aspecto verdadeiro do mistério. O modo dramático, realístico, doloroso – representa a cruz vista de frente em sua crua realidade. Como símbolo do mal, do sofrimento do mundo e da tremenda realidade da morte. Aquilo que produz a cruz: o ódio, a maldade, a injustiça, o pecado.

9. Já o modo antigo de representá-la, trazia à luz, não as causas, mas os efeitos da cruz; não aquilo que produz a cruz, mas aquilo que é produzido por ela: reconciliação, paz, glória, segurança, vida eterna. Aquilo que Paulo define “glória” ou “orgulho” do crente. 

10. Os antigos eram conscientes do sofrimento de Cristo, mas pela fé, sabiam melhor que os modernos, que para além do sofrimento havia o êxito final, os frutos que brotavam dela. Por isso a nossa festa se chama ‘exaltação’ da cruz, porque celebra exatamente esse aspecto ‘exaltante’ da cruz.

11. Certamente não nos escapa, em nosso tempo, as tantas cruzes pesadas e dolorosas, nossas e tantos outros irmãos e irmãs nossos. Tudo nos é difícil, no momento da prova, e pensamos no Cristo sofredor e nos apoiamos nele, mas é preciso também olhar o aspecto vitorioso e glorioso de quem aprendeu a passar por ela.

12. Há quem fique preso na cruz dolorosa, sem contemplar o Cristo ressuscitado, glorioso, feliz e sereno. Quantos não vivem presos no seu luto, sem um olhar de esperança?

13. Na Páscoa, saudamos à Virgem Maria dizendo-lhe: “Rainha do céu, alegrai-vos, porque aquele que trouxeste em vosso ventre, ressuscitou, como disse...”. Que pelo mistério da Cruz que hoje celebramos se reacenda sempre a certeza, a esperança, da vitória final.

* com base em texto de Raniero Cantalamessa  


Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 13 de setembro de 2025

(1Tm 1,15-17; Sl 112[113]; Lc 6,43-49) 23ª Semana do Tempo Comum.

“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois a boca fala daquilo que o coração está cheio” Lc 6,45.

“O mundo é governado pelo egoísmo; o evangelho o é pela caridade. Por causa do egoísmo, existem no mundo tantas discórdias, desencadeiam-se tantas guerras, surgem tantos ódios e tantas invejas, erguem-se tantas barreiras e vivem-se tantas injustiças, existem tão poucos que têm tanto e tantos que têm tão pouco. Mas atenção, porque, nem sempre que se clama e se reclama por justiça, se faz por amor à própria justiça, pois não poucas vezes se é movido a isso pela inveja descontrolada, invoca-se a justiça com fortes gritos e reclamações, mas, por sua vez, ferindo a própria justiça. Encha seu coração de Deus, das coisas de Deus e assim poderá passar sua vida espalhando sementes de Deus; sementes que germinam a seguir e por sua vez converter-se-ão em fruto sazonado e serão fonte e origem de novas sementes. E quando o mundo estiver coberto de sementes de Deus e quando essas sementes germinarem, o mundo ficará preparado para a instauração do Reino de Deus. Fale de Deus, pois você o tem em seu coração. Tenha-o no coração, a fim de que possa falar com ele” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 12 de setembro de 2025

(1Tm 1,1-2.12-14; Sl 15[16]; Lc 6,39-42) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão e não percebes a trave que há no teu próprio olho?” Lc 6,41

“Jesus criticava a postura dos fariseus, mas também se preocupava com a mentalidade corrente entre os seus discípulos. Os fariseus pretendiam ser um exemplo consumado de piedade, só porque davam mostras de ser zelosos no cumprimento da Lei. Muitos ficavam bem impressionados com o testemunho de fidelidade a Deus, que eles davam. Jesus, porém, não se deixava enganar, pois conhecia a falta de solidez do estilo de vida dos fariseus. Pouca coisa restava além de exibicionismo. Portanto, era loucura deixar-se encantar por um testemunho de vida desse quilate. Seria como se um cego pretendesse ser guiado, com segurança, por outro cego. Entre os discípulos, difundia-se, também, uma perigosa mentalidade. Havia os que se mostravam severos com os irmãos, censurando-lhes as mínimas faltas, sem estarem dispostos a corrigir as próprias faltas pessoais, muito mais graves. Eram hábeis para perceber um cisquinho no olho alheio, mas incapazes de dar-se conta da trave que tinham no próprio olho. Jesus não podia suportar tal hipocrisia. Para estar em condições de censurar o próximo, era preciso dispor-se a corrigir as próprias faltas. Neste caso, a severidade daria lugar à benevolência, e a impaciência, à compressão. A atitude de juiz dos pecados alheios seria substituída pela solidariedade com a fraqueza humana. – Espírito de benevolente compreensão, dá-me um coração que saiba solidarizar-se com as fraquezas do próximo, sem cair na tentação de tornar-se seu juiz (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 11 de setembro de 2025

(Cl 3,12-17; Sl 150; Lc 6,27-38) 23ª Semana do Tempo Comum.

“A vós que me escutais, eu digo: amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam” Lc 6,27

“Será que Jesus não exagerou em suas colocações? Amar familiares, parentes, amigos – especialmente quando nos fazem o bem – tudo certo. Mas inimigos? Pau neles – é o que merecem. De fato, é um absurdo amar os inimigos. Mesmo assim, Jesus não arreda pé da sua proposta. Ah! Jesus utópico. Como é bom ver as utopias rasgando as trilhas das boas intenções. Só que... Só que Jesus deu um exemplo nada utópico: amou os pecadores, seus inimigos portanto, e os amou até a morte e morte de cruz. Que amor, então, é esse? Não é o amor natural que busca vantagens pessoais, retribuições, recompensas ou, pelo menos, o prazer de ter feito algo de bom em favor de alguém que o mereça. Pelo contrário, o amor de Cristo, o ágape, é um amor que não busca vantagens, nem recompensas, nem leva em conta o possível mérito da pessoa amada. É um amor, portanto, que foge a todos os nossos parâmetros usuais. É com ele que vamos amar os inimigos. Só uma dificuldade: se não vamos ganhar nada e se o tal do inimigo nada merece, por que ou como amá-lo? Só pelo exemplo de Cristo? Certamente que não é só por isso. O fundamental reside no seguinte ponto: o amor de Cristo, que nos liberta da culpa e do poder do pecado, também nos dá o poder de o imitarmos. Nem sempre, é claro, seremos imitadores perfeitos. O mais provável é que façamos, na maioria das vezes, uma caricatura desse amor. Mas, seja como for, o amor de Cristo está em nós. Pela fé o temos integralmente. Vivamos, pois, pela fé. Muitos inimigos se tornarão amigos nossos e de Deus. – Senhor Jesus, dá-nos a fé que aprende teu amor de amigo para aprendermos a amar os inimigos. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 10 de setembro de 2025

(Cl 3,1-11; Sl 144[145]; Lc 6,20-26) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus, levantando os olhos para os seus discípulos, disse: ‘Bem-aventurados vós, os pobres,

porque vosso é o Reino de Deus!’” Lc 6,20

“Em si mesma, a pobreza não é mérito nem vantagem. Caso o fosse, por que ajudar o pobre a deixar de ser pobre? Não seria mais conveniente, pelo contrário, aumentar o número de pobres e miseráveis? Feitas essas considerações, não vamos imaginar Nosso Senhor fazendo apologia da pobreza, pois, se o dizermos, estaremos aceitando o cristianismo como a religião escapista, reacionária e opressiva, de que, aliás, tantos o acusam. Apesar disso, a pobreza não é totalmente estranha à doutrina de Cristo, razão pela qual Tiago observou o seguinte: ‘Deus não escolheu os pobres, segundo o mundo, como ricos na fé e herdeiros do reino, que ele prometeu aos que amam?’ (Tiago 2,5). Só que essa ainda não é a pobreza de que fala o texto em Lucas. Aí se fala da pobreza que balbucia feito mendigo, da pobreza que não cobra direitos, mas que tão-somente abre a mão e recebe a dádiva, dádiva essa que é o perdão, a graça e o amor oferecidos por Deus a cada pecador arrependido. É nesse sentido que o reino de Deus pertence inapelavelmente ao pobre. Mas esse pobre – que não vê em si outro valor além daquele que Deus lhe dá – vai ter olhos e ouvidos (e mãos) para todos os outros pobres que existem pelo mundo afora. Qualquer tipo de carência – não importa se é psicológica, material ou espiritual – merecerá dos herdeiros do reino de Deus toda a atenção. E dentro desse quadro não há dúvida alguma de que os pobres dentre os pobres (mendigos, miseráveis, famintos) deverão receber todos os cuidados. Afinal, o amor de Deus não escolhe merecimentos, escolhe necessitados – Senhor Jesus, torna-me um pobre diante de ti para reconhecer tua graça e misericórdia. Ao mesmo tempo, faze-me ver os pobres do mundo para compartilhar com eles a tua graça e misericórdia e os bens que estão ao meu dispor. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 09 de setembro de 2025

(Cl 2,6-15; Sl 144[145]; Lc 6,12-19) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus” Lc 6,12.

“Passando uma noite toda em oração, no alto de uma montanha, Jesus preparou-se para um movimento importante de seu ministério: a escolha do grupo de discípulos, que seriam objeto de sua atenção especial, pois teriam como tarefa levar adiante a sua missão. Por que esta longa vigília de oração? Estar em oração significava recorrer a Deus e deixar-se guiar por ele, em vista de acertar na escolha a ser feita. Afinal, os discípulos deveriam ficar a serviço do Reino do Pai, e só este poderia oferecer ao Filho os critérios corretos de discernimento. Era fundamental fazer uma escolha acertada. Os nomes sugeridos pelo Pai correspondiam aos de pessoas comuns, sem qualidades especiais. Humanamente falando, teria sido preferível escolher pessoas mais inteligentes, mais corajosas e dispostas a enfrentar adversidades, menos apegadas a certos esquemas mentais inconvenientes, mais sintonizadas com o modo de pensar de Jesus. Nada disso tinham as doze pessoas que ele escolheu. Na oração, o Mestre deixou-se convencer pelo Pai a contar com a companhia de homens limitados, para realizar a grande obra da implantação do Reino. Aliás o Pai sempre agira assim. Seria cair na tentação, querer pensar de modo diferente. Neste sentido, a escolha feita por Jesus correspondeu, realmente, à vontade do Pai. – Espírito de docilidade nas mãos do Pai, faze-me escolher sempre o que corresponde ao querer divino, sem deixar-se influenciar por meu próprio querer (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 08 de setembro de 2025

(Mq 5,1-4; Sl 70[71]; 12[13]; Mt 1,1-16.18-23) Natividade da Bem-aventurada Virgem Maria.

“A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e,

antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo” Lc 1,18.

“’Celebremos com alegria a Natividade da bem-aventurada Virgem Maria. De vós, ó Maria, surgiu o Sol de justiça, Cristo, nosso Deus’ (Entrada da Missa). Prelúdio do Natal de Jesus é o nascimento de Maria, porque com o aparecimento de Nossa Senhora neste mundo começa a realização do plano de Deus, isto é, a Encarnação do Verbo. Na Virgem de Nazaré, o Altíssimo prepara-lhe a Mãe. A Mãe prenuncia o Filho, diz que ele está para vir: estão para se tornar histórias antigas promessas de salvação da humanidade. Aqui está toda a grandeza de Maria: é a criatura por Deus escolhida para mãe de seu Unigênito. Preconizou-a Miquéias como ‘aquela que há de dar à luz’ (5,2), designando o tempo de seu parto como o início de nova era quando de ‘Belém de Éfrata... virá quem está destinado a reinar em Israel’ (ibidem, 1). Em Belém, ao nascer Jesus da Virgem Maria, inicia-se a era da salvação messiânica. Portanto, a Natividade de Maria é aurora da Redenção. O nascimento de Nossa Senhora projetará luz sobre toda a humanidade: luz de inocência, de pureza, de graça, aurora do grande Sol que iluminará, que inundará a terra quando aparecer Jesus, ‘Luz do mundo’. Nossa Senhora foi preservada do pecado e cheia de graça em vista dos méritos de Cristo. Assim não só anuncia a Redenção próxima, como também traz em si as primícias dela, como primeira remida de seu divino Filho. Primeira flor desabrochada antecipadamente do mistério pascal de Jesus foi a Imaculada Conceição de Maria, flor que alegrará o mundo e atrairá as complacências do Altíssimo. Depois do Natal de Jesus, nenhum outro nascimento foi tão importante aos olhos de Deus e tão precioso para o bem da humanidade quanto o de Maria. Entretanto, tal evento permanece na sombra. Ninguém o registrou, nada falam dele as Sagradas Escrituras. No silêncio desaparecem as origens de Nossa Senhora, assim como no silêncio desapareceu toda a sua vida. A Natividade de Maria é grandioso acontecimento envolto em profunda humildade, pequenos havemos de ser, e tanto mais ocultar aos nossos olhos e aos dos outros!” (Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD – Intimidade Divina – Loyola)

Pe. João Bosco Vieira Leite

 


23º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Sb 9,13-18; Sl 89[90]; Fm 9-10.12-17; Lc 14,25-33) *

1. Esse evangelho não é um daqueles que escutamos com prazer. Por vezes o Evangelho é provocatório, mas nunca contraditório. Nesse mesmo evangelho escutamos Jesus falar em honrar pai e mãe; que homem e mulher formam uma só carne e ninguém deve separar o que Deus uniu e no entanto, aqui vem um convite a desapegar.

2. Em algumas traduções vamos encontrar o termo “odiar”. Na língua hebraica não existe o meio termo, como amar uma coisa mais que outra, ou menos que outra. Ela simplifica ou reduz tudo a ‘amar’ ou ‘odiar’.

3. Jesus pede que o amor a Ele esteja à frente, ou acima, de todos os outros amores, seja aquele a pessoas queridas (pai, mãe, mulher, filhos, irmãos), seja aquele aos próprios bens. E não se trata de amá-lo, quantitativamente, um pouco acima das outras coisas, mas de um amor qualitativamente diferente e à parte.

4. São Bento entendeu bem o que Jesus queria dizer e assim deixa a seus monges o lema: “Nada antepor ao amor a Cristo”. Alguém pode pensar: “bom, tenho mulher e filhos, não sou livre como um monge”, mesmo aqui não há desculpa em minha relação com Cristo.

5. Nesse trecho se expressa claramente o que chamamos de radicalismo evangélico. Aquele que um dia disse: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos” é o mesmo que, de modo contrário, aqui, nos chama a refletir se temos verdadeiramente capacidade de ser seus discípulos servindo-se de duas comparações.

6. Jesus quer nos lembrar que o cristianismo não pode ser tomado como algo leve ou suave de se levar. Ele nos coloca atentos a certa tentativa de domesticar tudo e fazer da religião e de Deus um ingrediente a mais no ‘coquetel’ da vida.

7. Vamos à missa numa ocasião de festa ou em qualquer funeral, e ainda consideramos que estamos bem em nossa relação com a Igreja. A fé ocupa um nicho, ao lado de outras coisas que ocupam amplo espaço, representadas pelo trabalho, o ganha pão, a política, o divertimento, o esporte e mil e uma outras coisas.

8. Tenhamos presente que um homem que fala assim, que pede ser amado mais que o pai, que a mulher, que os filhos, ou é um louco exaltado, ou é Deus. Basta refletir e se entende que não há meio termo. Só Deus pode pretender tanto. Cabe a nós tirar a conclusão.

9. E não vou entrar aqui no terreno da busca da prova da divindade de Cristo, isto é, se ele era consciente de ser Filho de Deus, objeto de pesquisa de muitos estudiosos.

10. É importante esclarecer que estaríamos errados se pensássemos que o amor a Cristo estaria concorrendo com os outros amores humanos. Cristo não está rivalizando nem é ciumento de nenhum deles. O amor a Cristo não exclui os outros amores, mas os ordena.

11. É nele que qualquer amor genuíno encontra o seu fundamento e o seu sustento e a graça necessária para ser vivido até o fim. Este é o sentido da ‘graça de estado’ que se confere aos noivos no sacramento do matrimônio. Lhes assegura que em seu amor, eles serão sustentados e guiados por esse amor que Cristo teve por sua esposa, a Igreja.

12. Exige-nos o amor prioritário aquele que nos amou por primeiro e que não nos amou por palavras apenas, mas com o dom da própria vida. E assim somos convidados a tomar a própria cruz. O que não significa andar atrás de sofrimentos. Nem Ele o fez. Jesus veio dar-lhe sentido, ajudar-nos a perceber a dinâmica da vida e com Ele aprender a redimi-la. Como dizia Sta. Tereza: “Melhor uma cruz que se carrega do que uma cruz que se arrasta”.

* com base em texto de Raniero Cantalamessa  

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 06 de setembro de 2025

(Cl 1,21-23; Sl 53[54]; Lc 6,1-5) 22ª Semana do Tempo Comum.

“... eis que agora Cristo vos reconciliou pela morte que sofreu no seu corpo mortal,

para vos apresentar como santos, imaculados, irrepreensíveis diante de si” Cl 1,22.

“Depois de ter lembrado o fundamento teológico da obra de Cristo, mediante o hino (Cl 1,15-20), o autor da Carta aos Colossenses entra no cerne das questões que lhe estão a peito: existe para os cristãos o perigo de se deixarem seduzir por outros mestres e voltarem à condição de estrangeiros e inimigos do Evangelho. As disposições interiores necessárias para permanecerem amigos de Deus são a firmeza na fé recebida e a atitude humilde de se dirigirem, com todo o seu ser, Àquele que nos santifica. [Compreender a Palavra:] O acontecimento da morte de Jesus na Cruz é colocado como o trilho sobre o qual a caminhada de cada homem pode encontrar a reconciliação e a paz. A Cruz tem em si um tal poder de atração, que pode envolver mesmo quem anda muito concentrado (‘estranhos a Deus pelas más ações’, v. 12) nas próprias obras, chamadas ‘más’ porque obedecem à vã tentativa da parte daquele que as cumpre de se afirmar a si mesmo em prejuízo dos outros. A realidade concreta do ‘corpo de carne’ de Cristo (v. 22), suspenso da Cruz, arranca o homem a essa autocondenação e convida-o a dirigir-se Àquele que é o único que pode dar a vida prometida no Evangelho. A finalidade da ‘reconciliação’, operada por Deus por meio de Cristo, é consentir aos homens apresentarem-se diante de Deus ‘santos, puros e irrepreensíveis’ (v. 22), uma vez compreendida a beleza de se deixarem envolver num mistério de graça primeiro estranho, mas agora familiar e amigo. Mas toda a familiaridade e amizade requerem confiança e amor para com a pessoa amada, características essenciais para que se experimentem a solidez e a estabilidade das relações fundamentais” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum II] – Paulus) 

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 05 de setembro de 2025

(Cl 1,15-20; Sl 99[100]; Lc 5,33-39) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos

e se derrama, e os odres se perdem” Lc 5,37.

“Jesus veio trazer para o homem uma vida nova: a vida da graça, e essa vida requer e faz um novo homem, com nova mentalidade, com novos critérios, com uma nova escala de valores, com um novo modo de ver e de julgar todas as coisas e os acontecimentos. Jesus veio para destruir tudo que é velho, particularmente o homem velho do pecado, destruindo o próprio pecado, que é o que faz envelhecer e o que aproxima da morte; Jesus traz-nos o homem novo com novo sentido da vida. Esse vinho bom, esse homem novo que se forma em Cristo, ‘deve-se pôr em odres novos’ (v. 38), isto é, supõe uma mudança total e profunda, uma verdadeira ‘metanoia’, ou conversão, ao novo regime e ao novo sistema de vida. São Paulo aconselha os primeiros cristãos: ‘Como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivemos uma vida nova’ (Romanos 6,4); é a vida nova do Ressuscitado, a vida nova da graça, a vida nova do espírito e da virtude em contraposição à vida velha do pecado e da matéria. Mais explicitamente ainda, esclarece-nos o apóstolo que ‘aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se faz novo!’ (2Corítios 5,17). Deus tinha criado todas as coisas por Jesus Cristo; em seguida o pecado desorganizou o que Deus tinha criado, e assim Deus voltou a pôr em ordem tudo, recriando todas as coisas em Jesus Cristo. O centro desta ‘nova criação’ é o ‘homem novo’, criado em Jesus Cristo para uma vida nova de justiça e santidade. O ‘homem novo’ (Efésios 2,25) é o protótipo da nova humanidade recriada por Deus na pessoa de Jesus Cristo ressuscitado, depois de ter feito morrer nele, na cruz, o velho Adão corrompido pelo pecado” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 04 de setembro de 2025

(Cl 1,9-14; Sl 97[98]; Lc 5,1-11) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes, que as redes se rompiam” Lc 5,6.

“Embora nem todo mundo morra de amores pelo trabalho, ninguém lhe tira o valor e utilidade, havendo até mesmo quem veja satisfação e realização pessoal. Fazer, porém, o mesmo trabalho duas vezes ou fazer um trabalho que, de antemão, já se vê inútil – isso ninguém suporta. Dependessem de nós, as pedras do Sísifo permaneceriam eternamente ao pé da montanha. Os discípulos de Jesus já tinham rolado suas pedras a noite inteira, e nenhuma delas havia ficado no topo, ou seja, haviam jogado suas redes no mar a noite inteira e, fora a umidade da água, nada mais haviam apanhado. Jogar as redes mais uma vez, portanto, seria pura perda de tempo e desperdício duma energia àquelas alturas já quase no fim. Se, pois, se recusassem a lançar as redes, nada mais compreensível: as vozes da razão e do cansaço estariam entoando afinadíssimo dueto. As redes, no entanto, foram lançadas, e, surpresa para todos, os peixes se acotovelavam, competiam, brigavam para ser pescados. Só quem, na história, acabou perdendo, foram as redes, que começaram a arrebentar. Qual o milagre? O milagre era a palavra de Cristo, que havia mandado pescar, milagre repetido em nosso dia-a-dia quando reconhecemos que trabalhar e, desse modo, servir ao próximo é a consequência natural do amor que o próprio Cristo nos concede. Pode até acontecer que as pedras de Sísifo, de vez em quando, ameacem atropelar nossa fé, mas as palavras de Cristo, no final, sempre fazem as redes arrebentar. – Senhor Jesus, trabalhamos, trabalhamos e ficamos com a sensação vazia de que tudo foi inútil. Faze-nos ver a razão e objetivo do nosso trabalho e, pela tua misericórdia, concede-nos também aquelas bênçãos de que tanto necessitamos. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 03 de setembro de 2025

(Cl 1,1-8; Sl 51[52]; Lc 4,38-44) 22ª Semana do Tempo Comum.

“... animados pela esperança na posse do céu. Disso já ouvistes falar no Evangelho, cuja palavra de verdade chegou até vós. E como no mundo inteiro, assim também entre vós ela está produzindo frutos e se desenvolve desde o dia em que ouvistes a graça divina e conhecestes verdadeiramente” Cl 1,5-6.

“Os primeiros versículos da Carta à comunidade de Colossos apresentam os remetentes e destinatários (vv. 1-2); segue-se a ação de graças por tudo que Deus continua a realizar no povo, através do apelo daquelas virtudes que são a síntese da vida cristã: a fé, a caridade e a esperança (vv. 3-8). É também referido o nome do ministro de Cristo, Epafras (v. 7), declarando que a graça de Deus, que é um dom que se deve fazer frutificar (v. 6), passa através da experiência do amor comunicado pessoalmente. [Compreender a Palavra:] O começo da Carta corresponde aos esquemas clássicos da epistolografia antiga, em que o remetente se apresenta a si mesmo e dirige uma saudação aos destinatários. Segue-se um ato de ação de graças a Deus, por tudo o que os enviados do Senhor puderam experimentar e verificar na comunidade de Colossos. As virtudes mencionadas (fé, caridade, esperança) são caracterizadas teologicamente e de modo específico: a fé é na Pessoa de Cristo; a caridade é exercício de amor para com todos os que são chamados à santidade, ou seja, para com aqueles que partilham a mesma confiança na Pessoa de Jesus; finalmente, a esperança tem como principal objeto um bem futuro e que se encontra nas mãos de Deus. A esperança cristã é conforme à razão, porque os frutos são visíveis: a graça de Deus veio ao encontro dos homens, produzindo frutos de amor fraterno e convidando todos a crer nas promessas feitas por Cristo, que são a verdade do Evangelho anunciado por Paulo” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum II] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite