5º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Jó 7,1-4.6-7; Sl 146[147]; 1Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39)

1. Todos conhecemos o livro de Jó ou ao menos ouvimos falar dele. Escrito para expressar toda a angústia vivida por quem é afligido pelo sofrimento e se debate sobre a própria dor. Traz também aquela sensação de injustiça que pode levar a uma crise de fé. Ao mesmo tempo da inutilidade de uma existência marcada pelo sofrimento.

2. O nosso pequeno texto é uma espécie de oração que sobe em grau de angústia e desespero. É com toda essa multidão de sofredores que Jesus irá se encontrar em seu ministério. Ele não traz uma resposta, traz alívio e presença descortinando que a dor e sofrimento não são punições divina por causa do pecado. Ele traz e se faz presença. 

3. Uma primeira conclusão que nos vem é esse colocar-se ao lado de quem sofre fazendo-se um com ele na luta contra o mal. O "dar a mão" sinaliza a solidariedade e não a fuga do sofrimento. Cedo ou tarde, grande ou pequeno, ele nos chega ou toca alguém bem próximo a nós.

4. O texto salienta que a sogra de Pedro uma vez restabelecida coloca-se numa posição de serviço. Auxiliada na sua recuperação ela sabe que deve também ser solidária.

5. O texto prossegue mostrando Jesus como aquele que vence toda forma de mal, como vimos no domingo anterior. Os que querem segui-lo deverão tomar a mesma postura. Uma postura que deve incluir também momentos de solidão; aqueles em que diante de Deus, trazemos e tentamos entender os processos da vida.

6. Como um homem do seu tempo, viveu a sua fé numa dimensão comunitária, ouvindo, vendo e vivendo a inquietação de tantos. A sós, com seu Pai, realimentava a sua consciência de não estar só, de um sentido para tanto sofrimento e de poder seguir em frente.

7. Jesus não veio trazer a solução para tudo, mas veio mostrar que existe um caminho de solidariedade que alivia tanto sofrimento. Por isso ele deve seguir adiante, deve iluminar outras mentes e ambientes a despeito do sentido humano da existência, mesmo em meio a tanto sofrimento.

8. Talvez por tudo isso Paulo tenha descoberto a alegria de anunciar o evangelho ao perceber a luz que este traz sobre a vida de muitos. Paulo toca no delicado assunto de que aqueles que pregam o evangelho devem ser auxiliados economicamente para que possam continuar sua missão.

9. Mas isso não deve tornar-se um negócio, e assim cada pregador deve ser crítico do seu próprio estilo de vida. Paulo preferiu, muitas vezes, buscar o próprio sustento, para não ser pesado aos outros e para que compreendessem que, uma vez tocado por Cristo, sua maior alegria era levar outros a essa mesma experiência. Aqui está a ligação entre o gesto da sogra de Pedro e a gratuidade de Paulo. Onde está a nossa?


Pe. João Bosco Vieira Leite