(Gn 9,8-15; Sl 24[25]; 1Pd 3,18-22; Mc 1,19-15)
1.
A nossa 1ª leitura faz alusão ao grande
dilúvio que teria atingido toda a terra. É provavel que o autor esteja se
referindo a um episódio particular. Na leitura que faz do ocorrido, imagina que
Deus, um dia aborrecido com o comportamento do ser humano tenha resolvido por
fim a uma geração e começar de novo.
2.
Por trás dessa narrativa, o autor nos diz que Deus não é indiferente aos
acontecimentos aqui de baixo, mesmo quando a maldade parece crescer. Que Deus é
capaz de intervir, e o faz para recomeçar, não simplesmente para castigar. Faz
Aliança, por sua iniciativa, sem necessariamente pedir algo em troca.
3.
Dos sinais da natureza, ele escolhe o arco-íris, pós-chuvas, como um guerreiro
que depõe seu arco, não está em luta com o homem, e ao mesmo tempo para
sinalizar a alegre certeza de que Deus insistirá conosco, até que um dia a
gente compreenda o seu amor por nós.
4.
É recordando as águas do dilúvio que Pedro faz uma ligação com as águas do
batismo; o batismo é um rito de passagem, de águas que lavam, purificam, para a
novidade da vida cristã. Foi para que essa vida nova se concretizasse que
Cristo deu a sua vida por nós. Já ensaiamos aqui passos para o tríduo pascal.
5.
A narrativa sobre a tentação de Cristo transmitida também por Marcos é a mais
curta, desse primeiro domingo da quaresma, cuja menção se repete a cada ano.
6.
Segundo Marcos, é o próprio Deus que leva, conduz Jesus para uma situação de
provação. A Bíblia está cheia de narrativas em que o ser humano é provado em
sua fé. Não instigado ao mal, mas a fazer escolhas. Na sua humanidade perfeita,
para Jesus não podia ser diferente.
7.
O simbolismo do número quarenta nos remonta àquilo que já sabemos, durante toda
a sua vida Jesus foi submetido a tentações. Propostas que o convidavam a deixar
de lado a proposta divina e seguir o seu próprio caminho, quem sabe a de um
Messias popular.
8.
O texto salienta que durante esse período ele nunca esteve só, apesar do
deserto. O que pode nos indicar um conforto nas experiências de deserto que
experimentamos.
9.
O restante do breve trecho nós já ouvimos no 3º Domingo do Tempo Comum que nos
serve de motivação para o início da Quaresma: reafirmar a nossa fé no
evangelho, empreender um caminho de revisão e mudança que corresponda a essa
mesma fé. Boa caminhada quaresmal.
Pe.
João Bosco Vieira Leite