Sábado, 31 de maio de 2025

(Sf 3,14-18; Sl 12; Lc 1,39-56) Visitação da Bem-aventurada Virgem Maria.

“Maria disse: ‘A minha alma engrandece o Senhor’” Lc 1,46.

“Na liturgia das Vésperas, de tardinha, canta-se diariamente o Magnificat. É o canto de louvor, cantado por Maria. Canta não apenas aquilo que Deus fez a ela, mas a atuação de Deus na história, como Deus agiu em Jesus Cristo, derrubando todas as normas deste mundo. Em Jesus, Deus inverteu as relações de poder deste mundo. Lucas compõe o hino de Maria com orações judaicas. Tem semelhança com salmos dos fariseus. Mas ao mesmo tempo alude a temas gregos. A inversão das relações é um ‘topos’ conhecido também na literatura grega. A liturgia cristã tem interpretado o Magnificat não apenas em função do nascimento de Jesus, mas vendo-o também à luz de sua morte e ressurreição. Na morte e ressurreição de Jesus, Deus acabou com todos os critérios deste mundo. No nascimento de Jesus já se torna claro que o Senhor do mundo nasce como criança pobre, e que os ricos, por isso, ficam de mãos vazias. O que se iniciou no nascimento de Jesus completou-se na sua morte e ressurreição – o crucificado torna-se rei, o morto torna-se o príncipe da vida. A luz brilha na escuridão, o sepulcro torna-se o espaço da vida. No Magnificat, Lucas refere-se à Igreja um cântico que descreve o mistério de Jesus em imagens que ao mesmo tempo simbolizam também a transformação da nossa própria vida. Ao olharmos para o Cristo e para Maria, revela-se-nos que também para nós Deus fez grandes coisas. Neste cântico, portanto, misturam-se não apenas o passado com o presente, mas ao mesmo tempo a vivência de Maria com as minhas experiências pessoais, e o destino de Jesus com a minha própria sorte. Lucas é mestre na arte de transpor o passado para o presente, de ligar a vida de Jesus à história da Igreja e à nossa história muito pessoal. No Magnificat ele consegue isso de maneira insuperável. Na morte de cada dia, pois, louvamos neste cântico, em comunhão com Maria, nossa irmã na fé, a bondosa ação de Deus para conosco” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite