Sábado, 27 de setembro de 2025

(Zc 2,5-9.14-15; Sl Jr 31; Lc 9,43-45) 25ª Semana do Tempo Comum.

“Prestai bem atenção às palavras que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens” Lc 9,44.

“Não chegavam a compreender o que poderia significar aquela expressão de Jesus: ‘O Filho do Homem há de ser entregue às mãos dos homens’ (v. 44), em poder dos homens; ser entregue aos homens era sinônimo de ser entregue à morte e isso na mente deles era incompreensível, para a qual o Messias devia mostrar-se sempre e em toda ocasião glorioso e nacionalmente vitorioso. A paixão no Messias era um paradoxo; as palavras eram claras, mas o Rei-Messias sofredor era contraditório. Também para o mundo de hoje, inclusive para alguns discípulos de Jesus, pode parecer estranho o fato de que Deus permita que seus filhos sofram; se é Deus, se é Pai, como permitir o sofrimento? Nessas ocasiões, quando chegar para você a hora da desolação espiritual, da aridez, quando você estiver sofrendo e angustiado(a), nunca chegue a duvidar da infinita bondade e Providência de seu Pai celestial; seria esse o mais grave pecado que você poderia cometer e o que mais ofenderia o coração infinitamente bondoso do Senhor” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 26 de setembro de 2025

(Ag 1,15—2,9; Sl 42[43]; Lc 9,18-22) 25ª Semana do Tempo Comum.

“Mas Jesus perguntou: ‘E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu: ‘O Cristo de Deus’” Lc 9,20.

“Num momento de oração, Jesus questiona os discípulos acerca de uma questão fundamental, formulada em duas etapas. Na primeira, a pergunta – ‘Quem sou eu, na opinião do povo?’ – visa explicitar a maneira como a pessoa de Jesus era considerada por quem o ouvia, era beneficiado por seus milagres e tinha notícias de seus grandes feitos. Enfim, gente sem muita proximidade com ele. As respostas, elencadas pelos apóstolos, trazem a marca das tradições messiânicas populares. Aí, o Messias é identificado com algum dos profetas passados, cuja reaparição, na história humana, era sinal da chegada do fim dos tempos. Na segunda etapa, a pergunta constitui em saber o pensamento dos discípulos: ‘Para vocês quem sou eu?’ Tendo privado da intimidade de Jesus, deveriam estar em condições de estar uma resposta mais próxima da realidade, condizente com a verdadeira identidade de Jesus. É Pedro quem se adianta e responde, em nome do grupo: ‘Tu és o Cristo de Deus!’ Esta resposta revelou, na verdade, um avanço em relação à mentalidade popular. Mais que algum personagem do passado, Jesus era o Ungido, enviado por Deus ao mundo. Sua presença era sinal do amor de Deus pela humanidade. Apesar de estar correta essa resposta, foi necessário que Jesus acrescentasse algo que os próprios discípulos desconheciam. Embora sendo o Cristo de Deus, Jesus estava para se defrontar, não com um destino de glória, mas sim, de sofrimento, de morte e de ressurreição. Esta era a vontade do Pai! – Espírito que nos faz conhecer Jesus, dá-me a graça de conhecer a verdadeira identidade do Filho de Deus, purificada de meus preconceitos pessoais” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 25 de setembro de 2025

(Ag 1,1-8; Sl 149; Lc 9,7-9) 25ª Semana do Tempo Comum.

“Então Herodes disse: ‘Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?’

E procurava ver Jesus” Lc 9,9.

“Lucas não refere a morte por decapitação do precursor, embora tenha já antecipado a notícia da sua prisão no começo do Evangelho (3,19-20), e, aqui (v. 9), demonstra saber como tudo aconteceu. A fama de Jesus chega ao palácio do tetrarca Herodes Antipas. A pergunta que corre entre as pessoas e os seus cortesãos tornara-se também a do rei: ‘Quem é realmente Jesus?’ Para um helenista culto como Herodes, Jesus não passa de um enigma que tem de resolver. É por isso que O quer ‘ver’ (v. 9). [Compreender a Palavra:] Os boatos que chegavam ao palácio do tetrarca Herodes estavam de acordo num ponto: Jesus é o profeta esperado no fim dos tempos. Porventura, ninguém ousava pensar num novo profeta enviado por Deus; julgava-se que tinha ressuscitado simplesmente um que que já tinha vivido: Elias, João ou um dos antigos profetas. Herodes, porém, é um helenista e – como mais tarde os filósofos do areópago de Atenas aquando da pregação de Paulo – não acreditava nas histórias de ressurreição que tanto impressionavam o povo. Ele raciocinava concretamente: João mandei-o decapitar, por isso já não está vivo. Quem morreu, morreu. Mas então quem é Jesus? Aquilo que se diz que Ele faz e prega precisa de uma explicação. Por isso Herodes deseja vê-lo, para ficar com uma ideia acerca d’Ele. Mas, para compreender quem é Jesus não basta falar com Ele ou ver as Suas obras, sem que isso dê em discussão. O único meio para O conhecer é o da fé” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 24 de setembro de 2025

(Es 9,5-9; Sl Tb 13; Lc 9,1-6) 25ª Semana do Tempo Comum.

“Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa-nova

e fazendo curas em todos os lugares” Lc 9,6.

“O apóstolo evangeliza e cura, prega e age. O bem que anuncia é também por ele realizado. Os apóstolos não são homens que se detenham na palavra, passam a realizar a força que emana da palavra que pregam. Curar ao mesmo tempo que se prega supõe que o Reino não é simplesmente um empreendimento espiritual, mas que aponta para a plena renovação do homem no corpo e na alma. Jesus confere aos apóstolos duas coisas: poder e autoridade. Aqui Jesus confere primeiro um poder divino, semelhante ao que saiu dele para que a autoridade de sua missão consiga sua finalidade. A finalidade da pregação dos discípulos enviados é o Reino de Deus; os missionários de hoje devem também limitar-se a anunciar o Reino, não a pregar a si mesmos, não a transmitir as próprias ideias ou teorias, não a propagar doutrinas humanas, mas pregar unicamente o Reino de Deus” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 23 de setembro de 2025

(Es 6,7-8.12.14-20; Sl 121[122]; Lc 8,19-21) 25ª Semana do Tempo Comum.

“Esta casa de Deus foi concluída no terceiro dia do mês de Adar, no sexto mês do reinado de Dario. [...]

Os deportados celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês” Es 6,15.19

“A reconstrução da cidade de Jerusalém e do seu Templo, no mesmo lugar onde se erguia antes (cf. v. 7), revelou-se lenta e difícil. Nem sequer era possível falar da retomada do esplendor do reino davídico, desejado por muitos: depois do exílio, Jerusalém não passava de uma das muitas províncias do império persa. As disposições dos poderosos e as palavras dos profetas sustentam a fadiga do novo começo. [Compreender a Palavra:] O novo imperador da Pérsia, Dario, promulga um outro edito, que confirma o do predecessor Ciro e dá um novo impulso à reconstrução do Templo. O dinheiro para os trabalhos devia provir dos cofres da província persa da Samaria. Mas é sobretudo a palavra dos profetas Ageu e Zacarias que renovam o entusiasmo para levar a termo os trabalhos do Templo, que foi consagrado no ano de 515 a.C. Não era certamente o esplêndido Templo de Salomão, mas estava destinado a durar muito tempo. E também o povo enfesta era gente pobre, sem importância alguma na grande política internacional da época. Todavia neste ‘resto’ reconhece-se o inteiro povo de Israel. O versículo 14 insere ainda uma vez todos os acontecimentos num quadro teológico: na origem de tudo está a ordem de Deus e depois seguem-se os decretos dos vários poderosos deste mundo, os quais, embora sem o sabermos, são instrumentos nas mãos do único Senhor do mundo e da História” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 22 de setembro de 2025

(Es 1,1-6; Sl 125[126]; Lc 8,16-18) 25ª Semana do Tempo Comum.

“Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama;

ao contrário coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz” Lc 8,16.

“As exigências do Reino e as dificuldades inerentes à sua vivência podem levar a comunidade cristã a voltar-se para si mesma, tornando-se uma espécie de gueto fechado, sem contato com o mundo. Este modo de proceder contradiz a dinâmica do Reino, tornando a comunidade infiel ao projeto cristão. O destino do Reino é que seja testemunhado a toda a humanidade; seus benefícios devem atingir cada ser humano. A parábola da lâmpada alerta para o comportamento que se exige da comunidade cristã. Como a luz é acesa e posta no candeeiro, de modo a espargir seus raios por toda a casa, igualmente os cristãos devem procurar a posição a partir da qual seu testemunho possa atingir o maior número de pessoas. Supõe-se que seja uma comunidade capaz de acolher a todos, sem distinção, integrando-os em seu meio. Uma comunidade missionária, disposta a ir a todos os recantos da Terra para levar a mensagem do Evangelho. Uma comunidade cujo testemunho de vida corresponda às exigências do Reino, de forma a apresentá-lo como projeto de vida para os que vagueiam nas trevas do erro. Em suma, uma comunidade em que a semente do Reino produz frutos. Assim, recusando a tentação do sectarismo, a comunidade cristã assume seu papel de fazer a luz do Evangelho chegar a todos os rincões do mundo. – Espírito que ilumina a humanidade, faze que as comunidades cristãs sejam autênticas portadoras da luz do Evangelho para os que estão perdidos nas trevas do erro e da maldade” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


25º Domingo do Tempo Comum – Ano C

(Am 8,4-7; Sl 112[113]; 1Tm 2,1-8; Lc 6,1-13) *

1. O Evangelho deste domingo nos apresenta uma parábola que em certos elementos soa bastante atual. O personagem principal é um administrador de um proprietário de terras ou latifundiário. Como as melhores parábolas, ela começa com um drama em miniatura, cheia de movimentos e mudanças de cena.

2. Num 1º cenário temos o administrador e seu patrão. Uma demissão se projeta. O sujeito nem esboça uma autodefesa. Sua consciência o acusa da verdade de tudo isso.

3. Na 2ª cena temos o tal administrador em diálogo consigo mesmo. Percebemos que ele não se dá por vencido, pensa logo em como remediar a situação e garantir o futuro.

4. Passamos a 3ª cena, acompanhamos o administrador em ação abordando aos que devem ao seu patrão. Um caso clássico de corrupção de contabilidade falsa que se faz análoga a episódios frequentes em nossa sociedade e em maiores escalas. A conclusão é a coisa mais desconcertante de todas.

5. Seria intenção de Jesus aprovar e encorajar a corrupção? No ensinamento em parábolas, o autor ou narrador não se detém ou se perde em detalhes morais, mas somente naquele aspecto que ele deseja valorizar. Muitas vezes a história narrada na parábola serve apenas de suporte a uma ideia que é necessário individualizar e recolher, deixando de lado todo o resto.

6. Assim fica clara a intenção de Jesus com esta parábola: o patrão elogia o seu administrador pelo seu bom senso, prudência, ou esperteza, como dizemos, não por outra coisa. O texto não diz que ele voltou atrás na demissão do mesmo. De uma situação complicada, rapidamente ele descobre uma saída. O resto fica por conta da nossa imaginação...

7. Mesmo não agindo de maneira honesta, numa situação de emergência, quando todo seu futuro estava em jogo, ele dá prova de duas coisas: decisão extrema e de grande perspicácia. Rapidez e inteligência.

8. “A vida – dizia o filósofo Sêneca – a ninguém é dada como posse, mas a todos como algo a administrar”. Somos todos ‘administradores’. E como o administrador da parábola não dá para ficar remandando; está em jogo qualquer coisa de muito importante para ficarmos remandando ao acaso.

9. Se Jesus tivesse que atualizar essa parábola, talvez ele nominasse aqui os que trabalham nas bolsas de valores, com seus olhos grudados nas telas e seus ouvidos e boca preso ao telefone para receber e dar ordens. Quando percebe que determinados títulos vão baixar, não pensam duas vezes: vendem tudo e investem em outros títulos.

10. E vocês? Não deveriam fazer também o mesmo para colocar em segurança aquele capital imensamente superior que é a vida eterna? Como não lembrar aquela cena do jovem rico que Jesus desafia a vender tudo para conquistar um tesouro no céu? Ele, que sabia quem era Jesus?

11. Também a nós se dirige Jesus. Não de vender materialmente tudo para doar aos pobres, mas de saber dividir com estes – se temos mais que o necessário – os bens terrenos e as riquezas que Deus nos deu. É a essa conclusão que chega Jesus ao final da parábola. 

12. Quando os primeiros cristãos liam a exortação do Evangelho de fazer-se amigo dos pobres, imediatamente eles pensavam no dever da esmola. Hoje compreendemos de maneira mais ampla o que significa a justiça para com os pobres, como nos recorda Amós na 1ª leitura: sobre muitas formas estes são explorados.

13. Dizia São Basílio de Cesareia: “O pão que lhe sobra é o pão do faminto. A roupa inutilizada no armário, é a roupa de quem está nu. Os sapatos que não calças é daqueles que vão de pés descalços”. Aquilo que consideramos esmola, é, comumente, restituições parciais que fazemos. Toda boa história nos convida a pensar...      

* com base em texto de Raniero Cantalamessa 

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 20 de setembro de 2025

(1Tm 6,13-16; Sl 99[100]; Lc 8,4-15) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola”

Lc 8,4.

“As comunidades cristãs primitivas viam-se às voltas com problemas que as faziam esmorecer. O resultado do trabalho missionário estava longe de corresponder às suas expectativas. Muita gente boa tinha se convertido ao Evangelho, mas depois, virou as costas para a comunidade, como se a Palavra jamais tivesse lançado raízes em seu coração. Outros haviam acolhido o Reino, porém eram desesperadoramente lentos em dar mostras de sua conversão. Estavam sempre aquém do esperado. A parábola do semeador oferece uma pista para interpretar a situação, sem se deixar abater. É preciso saber que a Palavra semeada só frutifica, quando encontra corações que a acolham e lhe ofereçam as condições necessárias para desabrochar. Existem pessoas que são superficiais na escuta da Palavra, ou têm medo de enfrentar as perseguições, ou são facilmente seduzidas pelos prazeres e pelas riquezas. Entretanto, existem também aquelas que têm um coração bom e sincero, e são suficientemente resistentes para perseverar na sua opção pelo Reino. Sendo assim, seria inconveniente cruzar os braços e se recusar a levar adiante a missão. É tempo de continuar a proclamar a Boa Nova do Reino, sem cair no erro de fazer de antemão, a escolha do terreno. Em outras palavras, a comunidade deve evitar fechar-se em si mesma e criar discriminações entre as pessoas. – Espírito de perseverança na missão, que eu seja suficientemente forte para enfrentar os reveses do trabalho missionário, sempre na esperança de encontrar corações solícitos (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

           


Sexta, 19 de setembro de 2025

(1Tm 6,2-12; Sl 48[49]; Lc 8,1-3) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Os doze iam com ele; e também algumas mulheres que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças [...] que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam” Lc 8,1-3.

“É assim o grupo de Jesus: um grupo de pecadores perdoados, que não podem viver sem ele. Sua vida torna-se doação a Jesus e assim entregam-se a ele e convertem-se em seus apóstolos e percorrem com Jesus os povoados e as aldeias, anunciando o Messias que eles conheceram. Servir ao Senhor e servi-lo com tudo que possas ter; esse deve ser seu lema. Tudo que você tem, tudo que recebeu de Deus e, em último termo, tudo que possui é de Deus antes de ser seu; pois, falando com propriedade, nada é seu, Deus é o dono e Senhor de todas as coisas, e existem algumas coisas que ele atribuiu a você para que as custodie, para que as empregue para o bem e para proveito seu e também dos outros. Sirva, pois, ao Senhor com todas as suas coisas: com seus talentos, com suas qualidades, com suas habilidades, com seu tempo, com suas iniciativas e com seus planos, com seus esforços e seu cansaço. Sirva também com seus bens não só espirituais, mas também materiais ou temporais. Sirva-o com sua profissão, com seu trabalho, com sua atividade social; sirva-o com seu dinheiro e seus bens terrenos, porque nem mesmo isso é seu” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

  Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 18 de setembro de 2025

(1Tm 4,12-16; Sl 110[111]; Lc 7, 36-50) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Por essa razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor” Lc 7,47.

“Nessa cena, Lucas não quer apenas pintar a atitude carinhosa de Jesus para com a pecadora. Com certeza ele visa também à situação na sua comunidade. Presumivelmente havia lá entre os cristãos alguns ‘fariseus’, que desdenhavam recém-convertidos que não tinham um passado lá muito respeitável. Muitas vezes são exatamente as pessoas convertidas depois de uma situação trapalhada que mostram uma cordialidade especial. Seu amor é expressão do perdão que experienciaram. Quem vivencia o perdão como libertação de uma vida de fracassos sabe também perdoar os outros de todo coração. Não se coloca acima dos pecadores, pois sabe que ele mesmo estragou a própria vida antes que o perdão o colocasse no novo caminho da salvação. Como Estevão, perdoará até seus assassinos, imitando assim o exemplo de Jesus (At 7,60)” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite


Quarta, 17 de setembro de 2025

(1Tm 3,14-16; Sl 110[111]; Lc 7,31-35) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Mas a sabedoria foi justificada por todos os filhos de Deus” Lc 7,35.

“Tanto João Batista quanto Jesus, foram objeto de rejeição e acolhida. Tudo dependia da maneira como as pessoas se aproximavam deles e se deixavam tocar por suas palavras. Havia gente sinceramente desejosa de converter-se. Mas, havia, também, gente fechada em seus esquemas, que se irritava diante do convite à conversão. Os pobres, os excluídos e os pecadores mostravam-se sensíveis às palavras que Deus lhes dirigia, e davam ouvido a Jesus e a João, reconhecendo neles a preocupação divina com a salvação de seu povo. Com esta ajuda, reconstruíam sua própria dignidade. No polo oposto, estava a liderança judaica, cuja hostilidade Jesus e João tiveram sempre que enfrentar. Tudo quanto faziam, era mal interpretado. A vida ascética e dura do Batista era tida como obra do demônio. Só um possesso podia ser antissocial. A vida normal de Jesus, no convívio com as pessoas, fazia dele um comilão e beberrão, vergonhosamente misturado com gente de conduta censurável. Esta má vontade persiste da liderança judaica não lhe permitia deixar-se tocar por quem quer que fosse. Uma semelhante atitude era grave, pois se opunha ao projeto divino. Urgia comportar-se como filhos da sabedoria e deixar-se instruir pelos enviados de Deus. – Espírito que gera filhos da sabedoria, que eu não demore em deixar-me tocar pela palavra de Jesus, sem interpor dificuldades (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Terça, 16 de setembro de 2025

(1Tm 3,1-13; Sl 100[101]; Lc 7,11-17) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse:

‘Jovem, eu te ordeno, levanta-te!’” Lc 7,14.

“Jesus faz parar o cortejo fúnebre e, diante da expectativa da multidão que formava o cortejo e daqueles que, acidentalmente, se encontravam presentes à cena, com gesto majestoso e segurança na voz, estende o braço em direção ao corpo do defunto e manda-lhe com autoridade: ‘Moço, eu te ordeno, levanta-te!’ (v. 14). Jesus aparece-nos aqui, por um lado, como um dos profetas do povo de Deus, que dá a vida aos mortos, porque somente os profetas de Deus podem falar com a autoridade do próprio Deus. Mas Jesus nos aparece também como o profeta por excelência, anunciado pelos outros profetas no Antigo Testamento. Jesus é o Messias prometido, maior que todos os profetas a ele anteriores ou posteriores. É ele quem dá sentido a todas as profecias. Não se esqueça de que agora é você o/a chamado(a) para transmitir a doutrina de Jesus. Você, ante o cadáver do mundo de hoje, que perdeu a vida da graça, deve assumir seu papel profético e, mesmo achando-se diante de um cadáver, revista-se primeiro da confiança de poder fazer reviver esses ossos áridos pela vitalidade da palavra de Deus” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Segunda, 15 de setembro de 2025

(Hb 5,7-9; Sl 30[31]; Jo 19,25-27) Nossa Senhora das Dores.

“Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas,

àquele que era capaz de salvá-lo da morte”. Hb 5,7.

“A Liturgia apresenta Nossa Senhora das Dores a participar estreitamente da Paixão de Nosso Senhor, como participou das vicissitudes de sua vida inteira. Realizou-se a profecia de Simeão: ‘Uma espada transpassará tua alma’ (Lc 2,35), envolvendo Maria nos sofrimentos de Jesus. Penetrava Nossa Senhora cada dia mais profundamente no mistério da Cruz. Lemos hoje na 1ª leitura da Missa: “Cristo, nos dias de sua vida mortal’ (Hb 5,7), quis compartilhar da sorte dos pecadores, quis padecer, isto é, ‘padecer com’ eles e por eles. ‘Gemidos e lágrimas’ (ibidem) arrancou-lhe o peso imenso desse padecimento! Pensemos nas agonias do Getsêmani e do Calvário! Entretanto, Jesus se sujeitou a tudo voluntariamente em obediência ao querer do Pai celeste. Não obstante fosse Filho de Deus, ‘pelos sofrimentos suportados conheceu por experiência a submissão’ (ibidem, 8). Nossa Senhora seguiu o seu Jesus nesta estrada: sofreu com ele e com a humanidade inteira para salvá-la. Cada novo sofrimento sempre a encontrou disponível ao divino querer, pronta a repetir o ‘Fiat’ da Anunciação. Submetendo-se à vontade do Pai, tornou-se Cristo ‘causa da salvação eterna para todos os que lhe obedecessem’ (ibidem, 9), e Maria, pela participação na obediência e no sofrimento dele, cooperou na Redenção dos homens. Ao mesmo tempo, em união com o Filho, a todos ensinou o caminho da obediência. Quanto custou a Nossa Senhora a submissão à vontade de Deus, di-lo a espada que lhe traspassou a alma durante a vida inteira, assim como o holocausto supremo que consumou, enfim, aos pés da cruz. Aí ‘esteve não sem desígnio divino, sofrendo intensamente junto com seu Unigênito. Com Ânimo materno se associou ao sacrifício dele, consentindo com amor na imolação da vítima por ela mesma gerada’ (LG 58). Grande realidade exprime o título de ‘Rainha dos mártires’ que a Igreja atribui a Nossa Senhora! Sofreu mais que todos os mártires, pois somente a ela foi pedido sacrificar o dileto Filho que era também seu amadíssimo Deus. Mil vezes mais doce ser-lhe-ia certamente morrer que assistir à crucifixão e à morte de Jesus! O cristão sente necessidade de compartilhar de dor tamanha, e reza com a Liturgia: ‘Ó Deus, quiseste que, junto ao vosso Filho elevado na cruz, estivesse presente sua Mãe Dolorosa: concedei à vossa Igreja associar-se com ela à Paixão de Cristo, para participar da vida do Senhor Ressuscitado’ (Coleta da Missa)”. (Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD – Intimidade Divina – Loyola)

 Pe. João Bosco Vieira Leite


Exaltação da Santa Cruz

(Nm 21,4-9; Sl 77[78]; Fl 2,6-11; Jo 3,13-17) *

1. Hoje a cruz não é apresentada aos fiéis no seu aspecto de sofrimento, da dura necessidade da vida ou mesmo como caminho para seguir a Cristo, como no domingo anterior. Hoje ela nos vem no seu aspecto glorioso, como motivo de orgulho, não de pranto.

2. Em sua origem, essa festa nos recorda dois acontecimentos distantes entre eles no tempo. O 1º é a inauguração de duas basílicas, uma no Gólgota e outra sobre o santo sepulcro de Cristo, pelo imperador Constantino em 325. O outro acontecimento, no século VII, é a vitória cristã sobre os persas na recuperação das relíquias da cruz e o seu retorno triunfal a Jerusalém.

3. Com o passar do tempo, a festa adquiriu um significado autônomo. Tornou-se a celebração gloriosa do mistério da cruz que, de instrumento de ignomínia e de suplício, Cristo transformou em instrumento de salvação. Este é o dia – cantava um antigo poeta cristão –, em que “refulge o mistério da cruz”.

4. As leituras refletem esse recorte. A 2ª leitura nos traz de novo o hino da Carta aos Filipenses, onde a cruz é vista como motivo da grande ‘exaltação’ de Cristo. Também o Evangelho fala da cruz como o momento em que “o Filho do Homem seja levantado, para que todos que nele crerem tenham a vida eterna”.

5. Essa evolução e compreensão do mistério da Cruz de Cristo vem nos revelado também pela arte. Nas antigas basílicas europeias e nos crucifixos da arte romana, a cruz vem apresentada ou confeccionada como algo glorioso, cheio de majestade, por vezes sem o Cristo, ornada de pedras preciosas e embaixo escrito: “Salvação do mundo”.

6. Quando o Cristo aparece nesse tipo de arte, ele está em vestes reais e sacerdotais, com olhos abertos, sem nenhuma sombra de sofrimento, mas majestoso e vitorioso e sem coroa de espinhos. Assim queria corresponder às palavras de Jesus: “Quando eu for exaltado atrairei todos a mim” (Jo 12,32).

7. Os tempos modernos, já desde a arte gótica vai se definido uma outra representação da cruz mais marcada pela expressão da dor, do sofrimento em representações com uma cabeça que agoniza sob uma coroa de espinhos e um corpo profundamente chagado. Diante de algumas dessas expressões ou se adquire a fé e a perdemos de vez. Não se pode manter-se indiferente.

8. Esses dois modos de representar trazem à luz um aspecto verdadeiro do mistério. O modo dramático, realístico, doloroso – representa a cruz vista de frente em sua crua realidade. Como símbolo do mal, do sofrimento do mundo e da tremenda realidade da morte. Aquilo que produz a cruz: o ódio, a maldade, a injustiça, o pecado.

9. Já o modo antigo de representá-la, trazia à luz, não as causas, mas os efeitos da cruz; não aquilo que produz a cruz, mas aquilo que é produzido por ela: reconciliação, paz, glória, segurança, vida eterna. Aquilo que Paulo define “glória” ou “orgulho” do crente. 

10. Os antigos eram conscientes do sofrimento de Cristo, mas pela fé, sabiam melhor que os modernos, que para além do sofrimento havia o êxito final, os frutos que brotavam dela. Por isso a nossa festa se chama ‘exaltação’ da cruz, porque celebra exatamente esse aspecto ‘exaltante’ da cruz.

11. Certamente não nos escapa, em nosso tempo, as tantas cruzes pesadas e dolorosas, nossas e tantos outros irmãos e irmãs nossos. Tudo nos é difícil, no momento da prova, e pensamos no Cristo sofredor e nos apoiamos nele, mas é preciso também olhar o aspecto vitorioso e glorioso de quem aprendeu a passar por ela.

12. Há quem fique preso na cruz dolorosa, sem contemplar o Cristo ressuscitado, glorioso, feliz e sereno. Quantos não vivem presos no seu luto, sem um olhar de esperança?

13. Na Páscoa, saudamos à Virgem Maria dizendo-lhe: “Rainha do céu, alegrai-vos, porque aquele que trouxeste em vosso ventre, ressuscitou, como disse...”. Que pelo mistério da Cruz que hoje celebramos se reacenda sempre a certeza, a esperança, da vitória final.

* com base em texto de Raniero Cantalamessa  


Pe. João Bosco Vieira Leite


Sábado, 13 de setembro de 2025

(1Tm 1,15-17; Sl 112[113]; Lc 6,43-49) 23ª Semana do Tempo Comum.

“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois a boca fala daquilo que o coração está cheio” Lc 6,45.

“O mundo é governado pelo egoísmo; o evangelho o é pela caridade. Por causa do egoísmo, existem no mundo tantas discórdias, desencadeiam-se tantas guerras, surgem tantos ódios e tantas invejas, erguem-se tantas barreiras e vivem-se tantas injustiças, existem tão poucos que têm tanto e tantos que têm tão pouco. Mas atenção, porque, nem sempre que se clama e se reclama por justiça, se faz por amor à própria justiça, pois não poucas vezes se é movido a isso pela inveja descontrolada, invoca-se a justiça com fortes gritos e reclamações, mas, por sua vez, ferindo a própria justiça. Encha seu coração de Deus, das coisas de Deus e assim poderá passar sua vida espalhando sementes de Deus; sementes que germinam a seguir e por sua vez converter-se-ão em fruto sazonado e serão fonte e origem de novas sementes. E quando o mundo estiver coberto de sementes de Deus e quando essas sementes germinarem, o mundo ficará preparado para a instauração do Reino de Deus. Fale de Deus, pois você o tem em seu coração. Tenha-o no coração, a fim de que possa falar com ele” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 12 de setembro de 2025

(1Tm 1,1-2.12-14; Sl 15[16]; Lc 6,39-42) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão e não percebes a trave que há no teu próprio olho?” Lc 6,41

“Jesus criticava a postura dos fariseus, mas também se preocupava com a mentalidade corrente entre os seus discípulos. Os fariseus pretendiam ser um exemplo consumado de piedade, só porque davam mostras de ser zelosos no cumprimento da Lei. Muitos ficavam bem impressionados com o testemunho de fidelidade a Deus, que eles davam. Jesus, porém, não se deixava enganar, pois conhecia a falta de solidez do estilo de vida dos fariseus. Pouca coisa restava além de exibicionismo. Portanto, era loucura deixar-se encantar por um testemunho de vida desse quilate. Seria como se um cego pretendesse ser guiado, com segurança, por outro cego. Entre os discípulos, difundia-se, também, uma perigosa mentalidade. Havia os que se mostravam severos com os irmãos, censurando-lhes as mínimas faltas, sem estarem dispostos a corrigir as próprias faltas pessoais, muito mais graves. Eram hábeis para perceber um cisquinho no olho alheio, mas incapazes de dar-se conta da trave que tinham no próprio olho. Jesus não podia suportar tal hipocrisia. Para estar em condições de censurar o próximo, era preciso dispor-se a corrigir as próprias faltas. Neste caso, a severidade daria lugar à benevolência, e a impaciência, à compressão. A atitude de juiz dos pecados alheios seria substituída pela solidariedade com a fraqueza humana. – Espírito de benevolente compreensão, dá-me um coração que saiba solidarizar-se com as fraquezas do próximo, sem cair na tentação de tornar-se seu juiz (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite


Quinta, 11 de setembro de 2025

(Cl 3,12-17; Sl 150; Lc 6,27-38) 23ª Semana do Tempo Comum.

“A vós que me escutais, eu digo: amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam” Lc 6,27

“Será que Jesus não exagerou em suas colocações? Amar familiares, parentes, amigos – especialmente quando nos fazem o bem – tudo certo. Mas inimigos? Pau neles – é o que merecem. De fato, é um absurdo amar os inimigos. Mesmo assim, Jesus não arreda pé da sua proposta. Ah! Jesus utópico. Como é bom ver as utopias rasgando as trilhas das boas intenções. Só que... Só que Jesus deu um exemplo nada utópico: amou os pecadores, seus inimigos portanto, e os amou até a morte e morte de cruz. Que amor, então, é esse? Não é o amor natural que busca vantagens pessoais, retribuições, recompensas ou, pelo menos, o prazer de ter feito algo de bom em favor de alguém que o mereça. Pelo contrário, o amor de Cristo, o ágape, é um amor que não busca vantagens, nem recompensas, nem leva em conta o possível mérito da pessoa amada. É um amor, portanto, que foge a todos os nossos parâmetros usuais. É com ele que vamos amar os inimigos. Só uma dificuldade: se não vamos ganhar nada e se o tal do inimigo nada merece, por que ou como amá-lo? Só pelo exemplo de Cristo? Certamente que não é só por isso. O fundamental reside no seguinte ponto: o amor de Cristo, que nos liberta da culpa e do poder do pecado, também nos dá o poder de o imitarmos. Nem sempre, é claro, seremos imitadores perfeitos. O mais provável é que façamos, na maioria das vezes, uma caricatura desse amor. Mas, seja como for, o amor de Cristo está em nós. Pela fé o temos integralmente. Vivamos, pois, pela fé. Muitos inimigos se tornarão amigos nossos e de Deus. – Senhor Jesus, dá-nos a fé que aprende teu amor de amigo para aprendermos a amar os inimigos. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite