(At 1,15-17.20-26; Sl 112[113]; Jo 15,9-17) 4ª Semana da Páscoa.
“E eu vos disse isso para que a minha
alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” Jo 15,11.
“As
primeiras gerações cristãs cuidavam muito da alegria. Parecia-lhes impossível
viver de outra maneira. As cartas de Paulo de Tarso, que circulavam pelas
comunidades, repetiam constantemente o convite a ‘estar alegres no Senhor’. O
Evangelho de João põe nos lábios de Jesus estas palavras inesquecíveis:
‘Disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja convosco e vossa
alegria seja completa’. O que poderá ter ocorrido para que a religião dos
cristãos apareça diante de muitos como algo triste, enfadonho e penoso? Em que
convertemos a adesão a Cristo Ressuscitado? O que houve com essa alegria que
Jesus transmitia a seus seguidores? Onde está ela? A alegria não é algo
secundário na vida de um cristão. É um traço característico, a única maneira de
seguir e de viver a Jesus. Ainda que nos pareça ‘normal’, é realmente estranho
‘praticar’ a religião cristã sem experimentar que Cristo é fonte de alegria
vital. Esta alegria do crente não é fruto de um temperamento otimista, nem
resultado de um bem-estar tranquilo. Não deve ser confundida com uma vida sem
problemas ou conflitos. Todos sabemos que um cristão experimenta a dureza da
vida com a mesma fragilidade que qualquer outro ser humano. O segredo desta
alegria está em outro lugar: está além da alegria que se experimenta quando ‘as
coisas vão bem’. Paulo de Tarso diz que é ‘uma alegria no Senhor’ que se vive
quando estamos arraigados em Jesus. João diz mais: é a própria alegria de Jesus
dentro de nós. A alegria cristã nasce da união íntima com Jesus Cristo. Por isso
não se manifesta de ordinário na euforia ou no otimismo a todo transe, mas se
esconde humildemente no fundo da alma crente. É uma alegria que está na própria
raiz da vida sustentada pela fé em Jesus. Não se vive essa alegria de costas
para o sofrimento que existe no mundo, pois é a alegria do próprio Jesus dentro
de nós. Ao contrário, converte-se em princípio de luta contra a tristeza.
Poucas coisas maiores e mais evangélicas podemos fazer do que aliviar o
sofrimento das pessoas transmitindo-lhes alegria realista e esperança” (José Antonio Pagola – O
Caminho Aberto por Jesus – João – Vozes).
Pe.
João Bosco Vieira Leite