Quarta, 14 de maio de 2025

(At 1,15-17.20-26; Sl 112[113]; Jo 15,9-17) 4ª Semana da Páscoa.

“E eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” Jo 15,11.

“As primeiras gerações cristãs cuidavam muito da alegria. Parecia-lhes impossível viver de outra maneira. As cartas de Paulo de Tarso, que circulavam pelas comunidades, repetiam constantemente o convite a ‘estar alegres no Senhor’. O Evangelho de João põe nos lábios de Jesus estas palavras inesquecíveis: ‘Disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja convosco e vossa alegria seja completa’. O que poderá ter ocorrido para que a religião dos cristãos apareça diante de muitos como algo triste, enfadonho e penoso? Em que convertemos a adesão a Cristo Ressuscitado? O que houve com essa alegria que Jesus transmitia a seus seguidores? Onde está ela? A alegria não é algo secundário na vida de um cristão. É um traço característico, a única maneira de seguir e de viver a Jesus. Ainda que nos pareça ‘normal’, é realmente estranho ‘praticar’ a religião cristã sem experimentar que Cristo é fonte de alegria vital. Esta alegria do crente não é fruto de um temperamento otimista, nem resultado de um bem-estar tranquilo. Não deve ser confundida com uma vida sem problemas ou conflitos. Todos sabemos que um cristão experimenta a dureza da vida com a mesma fragilidade que qualquer outro ser humano. O segredo desta alegria está em outro lugar: está além da alegria que se experimenta quando ‘as coisas vão bem’. Paulo de Tarso diz que é ‘uma alegria no Senhor’ que se vive quando estamos arraigados em Jesus. João diz mais: é a própria alegria de Jesus dentro de nós. A alegria cristã nasce da união íntima com Jesus Cristo. Por isso não se manifesta de ordinário na euforia ou no otimismo a todo transe, mas se esconde humildemente no fundo da alma crente. É uma alegria que está na própria raiz da vida sustentada pela fé em Jesus. Não se vive essa alegria de costas para o sofrimento que existe no mundo, pois é a alegria do próprio Jesus dentro de nós. Ao contrário, converte-se em princípio de luta contra a tristeza. Poucas coisas maiores e mais evangélicas podemos fazer do que aliviar o sofrimento das pessoas transmitindo-lhes alegria realista e esperança” (José Antonio Pagola – O Caminho Aberto por Jesus – João – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite