(At 4,1-12; Sl 117[118]; Jo 21,1-14) Oitava de Páscoa.
“Logo que pisaram a terra, viram brasas
acesas, com peixe em cima, e pão” Jo 21,9.
“Depois
da pescaria bem-sucedida, João descreve uma cena estranha e misteriosa: o
desjejum junto às brasas. Ninguém ousou perguntar a Jesus quem era, pois ‘eles
bem sabiam que era o Senhor’ (21,12). É a situação da eucaristia. Os cristãos
sabem que o próprio Senhor está no meio deles. Não perguntam. Acreditam. E por
ser o Senhor que está no meio deles, a manhã cinzenta se transforma num clima
de intimidade e amor. No meio de uma terra estranha, surge a sensação de
aconchego, no meio da frustração surge a satisfação. Como na eucaristia, Jesus
se apróxima, toma o pão e dá aos seus discípulos. Só que nesse caso o pão não
vem acompanhado de vinho, e sim de peixe. Para os antigos, o peixe é a comida
da imortalidade, participamos da vida eterna, imperecível, indestrutível de
Deus. Para João, a Ressurreição não acontece em forma de coisas mirabolantes. É
nas coisas simples do dia-a-dia, na refeição em torno de um braseiro, que o véu
é tirado, de modo que os discípulos podem entrar em contato com a realidade,
unindo-se ao fundamento de todo ser, com o Deus de amor” (Anselm Grüm – Jesus:
Porta para a Vida – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite