Quarta, 23 de abril de 2025

(At 3,1-10; Sl 104[105]; Lc 24,13-55) Oitava de Páscoa.

“Pedro então lhe disse: ‘Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou:

em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda’” At 3,6.

“O primeiro ‘sinal’ realizado pelos Apóstolos em nome de Jesus transforma um coxo de nascença (v. 2) num homem novo, capaz não só de caminhar, mas também de louvar a Deus e de juntar, no Templo, à comunidade dos que se salvam (v. 8). Esta mudança dá-se mediante uma troca significativa de olhares (v. 3-5), uma palavra eficaz (v. 6) e um gesto que salva (v. 7). O sinal é destinado a todo o Povo de Deus, Israel, que é testemunha do prodígio (vv. 9-10). [Compreender a Palavra:] Um coxo colocado junto à porta ‘Formosa’ interpela Pedro e João enquanto se dirigem para o Templo. A impossibilidade de se movimentar torna-o dependente de outros e faz dele um mendigo necessitado de esmolas, um excluído do lugar santo onde se louva a Deus e onde se reúne a comunidade. A sua condição é, por isso, de exclusão. O encontro com os Apóstolos dá início a um percurso de transformação com significado salvífico. A troca de olhares entre o coxo e os Apóstolos é o começo de uma relação autenticamente humana, liberta o coxo da habitual e formal (embora necessária) aceitação da esmola dos transeuntes, aguardando o dom que os Apóstolos parecem estar dispostos a conceder-lhe. A palavra de Pedro, ao princípio, frustra a expectativa de bens materiais do deficiente, e depois declara que lhe pode dar um outro benefício. Este benefício cumpre-se numa ordem: ‘Levanta-te e anda!’, cuja eficácia radica no poder salvífico (no Nome) do Ressuscitado, e no gesto de o ‘levantar’ que lhe transmite esse poder. Torna o coxo capaz de ficar de pé, de caminhar sozinho, de ter um novo relacionamento com Deus no louvor e de se unir à comunidade dos crentes. O sinal da salvação fica assim concluído, e todo o povo é testemunha” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma - Páscoa] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite