Vigília Pascal (Lc 24,1-12)
“Voltaram do túmulo e anunciaram tudo
isso aos onze e a todos os outros” Lc 24,9.
“A
cena do Mestre, pendente na cruz, despedaçou o coração dos discípulos. Não
tinham como explicar o desfecho terrível de uma vida inteiramente posta a
serviço dos irmãos. A cruz chocava-se com tudo que tinham experienciado,
durante o tempo de convivência com o Mestre. Tudo nele era bondade, acolhida
dos fracos e pequeninos, valorização dos pecadores e marginalizados, dedicação
incansável ao Reino do Pai. Suas palavras tinham uma autoridade inaudita. Tudo
quanto ensinava, tinha mais profundidade do que a doutrina dos escribas e
fariseus. Por que acabou sendo crucificado? Os discípulos passaram o sábado
repesando a vida com seu Mestre, e buscando algumas pistas para entender algo
do que tinham presenciado. Tudo se mostrava confuso, nebuloso. Suas mentes eram
por demais estreitas para entender o fato da cruz, projetando-o para além do
impacto imediato. Por isso, no torvelinho de seus sentimentos desencontrados,
consumiam-se na angústia. Num primeiro momento, os discípulos foram incapazes
de captar o sentido da morte de seu Mestre, numa cruz. Foi preciso que o
próprio Jesus os despertasse do torpor. Somente à luz da Ressurreição, a cruz
poderá ser, de alguma forma, compreendida. Sem essa luz, por mais que pensemos
e repensemos, continuaremos no mesmo impasse dos discípulos, naquele sábado de
dor e desespero. – Espírito de consolação, não me abandones quando o desespero
tomar conta do meu coração, por eu não conseguir captar o sentido da paixão e
da cruz de Jesus” (Pe.
Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] -
Paulinas).
Pe.
João Bosco Vieira Leite