(At 3,1-10; Sl 104[105]; Lc 24,13-55) Oitava de Páscoa.
“Pedro então lhe disse: ‘Não tenho ouro
nem prata, mas o que tenho eu te dou:
em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,
levanta-te e anda’” At 3,6.
“O
primeiro ‘sinal’ realizado pelos Apóstolos em nome de Jesus transforma um coxo
de nascença (v. 2) num homem novo, capaz não só de caminhar, mas também de
louvar a Deus e de juntar, no Templo, à comunidade dos que se salvam (v. 8).
Esta mudança dá-se mediante uma troca significativa de olhares (v. 3-5), uma
palavra eficaz (v. 6) e um gesto que salva (v. 7). O sinal é destinado a todo o
Povo de Deus, Israel, que é testemunha do prodígio (vv. 9-10). [Compreender a
Palavra:] Um coxo colocado junto à porta ‘Formosa’ interpela Pedro e João
enquanto se dirigem para o Templo. A impossibilidade de se movimentar torna-o
dependente de outros e faz dele um mendigo necessitado de esmolas, um excluído
do lugar santo onde se louva a Deus e onde se reúne a comunidade. A sua
condição é, por isso, de exclusão. O encontro com os Apóstolos dá início a um
percurso de transformação com significado salvífico. A troca de olhares entre o
coxo e os Apóstolos é o começo de uma relação autenticamente humana, liberta o
coxo da habitual e formal (embora necessária) aceitação da esmola dos
transeuntes, aguardando o dom que os Apóstolos parecem estar dispostos a
conceder-lhe. A palavra de Pedro, ao princípio, frustra a expectativa de bens
materiais do deficiente, e depois declara que lhe pode dar um outro benefício.
Este benefício cumpre-se numa ordem: ‘Levanta-te e anda!’, cuja eficácia radica
no poder salvífico (no Nome) do Ressuscitado, e no gesto de o ‘levantar’ que
lhe transmite esse poder. Torna o coxo capaz de ficar de pé, de caminhar
sozinho, de ter um novo relacionamento com Deus no louvor e de se unir à
comunidade dos crentes. O sinal da salvação fica assim concluído, e todo o povo
é testemunha” (Giuseppe
Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma - Páscoa] – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite