(Gn 44,18-21.23-29; 45,1-5; Sl 104[105]; Mt 10,7-15) 14ª Semana do Tempo Comum.
“Entretanto, não vos aflijais nem vos
atormenteis por me terdes vendido a este país. Porque foi para a vossa salvação
que Deus me mandou adiante de vós para o Egito” Mt 10,5.
“A
história de José chegou ao momento crucial. Irreconhecível para os irmãos,
coloca-os à prova para verificar se os seus corações tinham mudado em relação
ao pai, a quem tinham causado desgosto com a pretensa morte do filho amado, e
para compreender qual a sua atitude para com Benjamim, filho, tal como José, de
Raquel. A comoção de José é de tal modo que ele não consegue manter a
dissimulação e revela-se aos irmãos, tranquilizando-os com uma frase que é a
razão de ser de toda a narração. [Compreender a Palavra:] Mais do que analisar
os pormenores da longa narração, que o autor conduz com grande perícia, é
importante compreender o sentido do conjunto, expresso na afirmação final: ‘Foi
para salvar as vossas vidas que Deus me enviou aqui’ (45,9). Não há ressentimento
nem rancor em José, nem autocompaixão pelo seu muito sofrimento: ele sabe ler,
na sua vida tecida de tanta dor, um desígnio divino que ultrapassa a visão
humana e que do sofrimento de um sabe extrair, com infinita misericórdia, por
caminhos misteriosos, o bem de muitos. A história de José torna-se assim
emblemática do próprio Povo de Deus repelido, maltratado, exilado, mas também
da sorte do justo perseguido até à morte, servo por amor. Assim José, o
preferido do pai, o atraiçoado dos irmãos e mais tarde seu salvador, torna-se
‘tipo’, isto é, figura de Cristo, o único inocente, o Filho amado, atraiçoado
até à morte pelos irmãos, e seu salvador. O desenvolvimento desta tipologia
pode levar muito longe” (Giuseppe
Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum I] – Paulus).
Pe.
João Bosco Vieira Leite