Quinta, 04 de setembro de 2025

(Cl 1,9-14; Sl 97[98]; Lc 5,1-11) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes, que as redes se rompiam” Lc 5,6.

“Embora nem todo mundo morra de amores pelo trabalho, ninguém lhe tira o valor e utilidade, havendo até mesmo quem veja satisfação e realização pessoal. Fazer, porém, o mesmo trabalho duas vezes ou fazer um trabalho que, de antemão, já se vê inútil – isso ninguém suporta. Dependessem de nós, as pedras do Sísifo permaneceriam eternamente ao pé da montanha. Os discípulos de Jesus já tinham rolado suas pedras a noite inteira, e nenhuma delas havia ficado no topo, ou seja, haviam jogado suas redes no mar a noite inteira e, fora a umidade da água, nada mais haviam apanhado. Jogar as redes mais uma vez, portanto, seria pura perda de tempo e desperdício duma energia àquelas alturas já quase no fim. Se, pois, se recusassem a lançar as redes, nada mais compreensível: as vozes da razão e do cansaço estariam entoando afinadíssimo dueto. As redes, no entanto, foram lançadas, e, surpresa para todos, os peixes se acotovelavam, competiam, brigavam para ser pescados. Só quem, na história, acabou perdendo, foram as redes, que começaram a arrebentar. Qual o milagre? O milagre era a palavra de Cristo, que havia mandado pescar, milagre repetido em nosso dia-a-dia quando reconhecemos que trabalhar e, desse modo, servir ao próximo é a consequência natural do amor que o próprio Cristo nos concede. Pode até acontecer que as pedras de Sísifo, de vez em quando, ameacem atropelar nossa fé, mas as palavras de Cristo, no final, sempre fazem as redes arrebentar. – Senhor Jesus, trabalhamos, trabalhamos e ficamos com a sensação vazia de que tudo foi inútil. Faze-nos ver a razão e objetivo do nosso trabalho e, pela tua misericórdia, concede-nos também aquelas bênçãos de que tanto necessitamos. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite