Sábado, 25 de janeiro de 2025

(At 22,3-16; Sl 116[117]; Mc 16,15-18) Conversão de São Paulo.   

“Porque tu serás a sua testemunha, diante de todos os homens, daquilo que viste e ouviste” Mc 16,16.

“No apostolado de Paulo não faltaram dificuldades, que ele enfrentou com coragem por amor a Cristo. Ele mesmo lembra ter sofrido ‘muito mais pelas fadigas; muito mais pelas prisões; infinitamente mais pelos açoites; frequentemente em perigo de morte; ...fui flagelado três vezes, uma vez fui apedrejado, três vezes naufraguei... fiz muitas viagens; sofri perigos nos rios; perigo por parte de ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de raça; perigo por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigo por parte dos falsos irmãos. Mais ainda: morto de cansaço; muitas noites sem dormir, fome e sede; muitos jejuns, com frio e sem agasalhos. E isto sem contra o resto: a minha preocupação cotidiana, a atenção que eu tenho por todas as igrejas’ (2Cor 11,23-28). Numa passagem da Carta ao Romanos (cf. 15,24-28), revela o seu propósito de dirigir-se até a Espanha, no extremo Ocidente, para anunciar o Evangelho por todas as partes, até os confins da terra conhecida de então. Como não admirar um homem assim? Como não agradecer ao Senhor por nos haver dado um apóstolo deste padrão? É evidente que não teria podido enfrentar situações difíceis e às vezes desesperadoras se não tivesse uma razão de valor absoluto, diante da qual nenhum limite poderia considerar-se insuperável. Para Paulo, esta razão, sabemos, é Jesus Cristo, de quem escreve: ‘o amor de Cristo é que nos impulsiona... e assim, aqueles que vivem, já não vivem para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou’ (2Cor 5,14-15), por nós, por todos. De fato, o apóstolo oferecerá o supremo testemunho de seu sangue sob o imperador Nero, aqui, em Roma, onde conservamos e veneramos os seus restos mortais. Dele escreveu Clemente Romano, meu predecessor nesta sede apostólica nos últimos anos do século I: ‘Pela inveja e a discórdia Paulo se viu obrigado a nos mostrar como se consegue o prêmio da paciência... Depois de pregar a justiça ao mundo todo e depois de chegar aos extremos confins do Ocidente, enfrentou o martírio diante dos governantes; assim saiu deste mundo e alcançou a santidade, convertendo-se no maior modelo de perseverança’ (Aos Coríntios 5). Que o Senhor nos ajude a colocar em prática a exortação que nos deixou o apóstolo em suas cartas: ‘Sejam meus imitadores, como também eu sou de Cristo’ (1Cor 11,1)” (Bento XVI – Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus – Planeta).    

Pe. João Bosco Vieira Leite