(At 22,3-16; Sl 116[117]; Mc 16,15-18) Conversão de São Paulo.
“Porque tu serás a sua testemunha,
diante de todos os homens, daquilo que viste e ouviste” Mc 16,16.
“No
apostolado de Paulo não faltaram dificuldades, que ele enfrentou com coragem
por amor a Cristo. Ele mesmo lembra ter sofrido ‘muito mais pelas fadigas;
muito mais pelas prisões; infinitamente mais pelos açoites; frequentemente em
perigo de morte; ...fui flagelado três vezes, uma vez fui apedrejado, três
vezes naufraguei... fiz muitas viagens; sofri perigos nos rios; perigo por
parte de ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de raça; perigo por parte
dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigo por
parte dos falsos irmãos. Mais ainda: morto de cansaço; muitas noites sem
dormir, fome e sede; muitos jejuns, com frio e sem agasalhos. E isto sem contra
o resto: a minha preocupação cotidiana, a atenção que eu tenho por todas as
igrejas’ (2Cor 11,23-28). Numa passagem da Carta ao Romanos (cf. 15,24-28),
revela o seu propósito de dirigir-se até a Espanha, no extremo Ocidente, para
anunciar o Evangelho por todas as partes, até os confins da terra conhecida de
então. Como não admirar um homem assim? Como não agradecer ao Senhor por nos haver
dado um apóstolo deste padrão? É evidente que não teria podido enfrentar
situações difíceis e às vezes desesperadoras se não tivesse uma razão de valor
absoluto, diante da qual nenhum limite poderia considerar-se insuperável. Para
Paulo, esta razão, sabemos, é Jesus Cristo, de quem escreve: ‘o amor de Cristo
é que nos impulsiona... e assim, aqueles que vivem, já não vivem para si, mas
para aquele que por eles morreu e ressuscitou’ (2Cor 5,14-15), por nós, por
todos. De fato, o apóstolo oferecerá o supremo testemunho de seu sangue sob o
imperador Nero, aqui, em Roma, onde conservamos e veneramos os seus restos
mortais. Dele escreveu Clemente Romano, meu predecessor nesta sede apostólica
nos últimos anos do século I: ‘Pela inveja e a discórdia Paulo se viu obrigado
a nos mostrar como se consegue o prêmio da paciência... Depois de pregar a
justiça ao mundo todo e depois de chegar aos extremos confins do Ocidente,
enfrentou o martírio diante dos governantes; assim saiu deste mundo e alcançou
a santidade, convertendo-se no maior modelo de perseverança’ (Aos Coríntios 5).
Que o Senhor nos ajude a colocar em prática a exortação que nos deixou o apóstolo
em suas cartas: ‘Sejam meus imitadores, como também eu sou de Cristo’ (1Cor
11,1)” (Bento XVI
– Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus –
Planeta).
Pe.
João Bosco Vieira Leite