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Segunda, 12 de maio de 2025

(At 11,1-18; Sl 41[42]; Jo 10,1-10) 4ª Semana da Páscoa.

“Jesus contou-lhe esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer” Jo 10,6.

“Jesus mesmo desfaz o enigma de sua fala, identificando-se primeiro com a porta (10,7-10), e depois com o pastor (10,11-18). Todo o discurso recebe a sua estrutura das quatro afirmações, que começam com ‘Eu sou’. Duas vezes Jesus afirma: ‘Eu sou a porta’. Ele é a porta que leva às ovelhas (10,7). Só Jesus tem acesso autorizado às ovelhas. Mas ele serve também de porta para passagem das ovelhas.  É pela porta chamada Jesus que as ovelhas podem entrar e sair, encontrar pasto bom e experimentar uma vida em plenitude (10,9-10). A porta sempre foi um símbolo para o homem, pois ela representa a passagem de um âmbito para o outro, por exemplo, do âmbito terreno para a celestial. Em muitas culturas existe a figura da porta do céu que possibilita o acesso ao âmbito divino. A porta é também um símbolo importante nos sonhos. Às vezes sonhamos que não estamos encontrando a porta de nossa casa. Ou que a porta está trancada. Estamos excluídos do âmbito interior da nossa alma. Vagamos pelo mundo exterior, sem ter acesso a nós mesmos. Jesus se identifica com a porta. Ele é a porta que conduz ao nosso próprio âmago. Ele tem acesso ao nosso coração. E por meio de Jesus entramos em contato com nós mesmos. Para mim, a grande questão é saber qual foi a experiência que essa imagem desencadeou nos discípulos, ou que experiência de Jesus se exprime nela. Certamente, os primeiros cristãos experimentavam Jesus e as suas palavras como uma porta que os levava a eles próprios. Meditando sobre Jesus descobriram de repente quem eram eles mesmos. Através de Jesus como porta podiam entrar em sua própria casa para sentirem-se em casa. Jesus era para eles a porta para o seu verdadeiro eu. E é esse também o desafio para mim hoje: compreendendo Jesus compreendo a mim mesmo, descubro quem sou eu de verdade, ganho acesso a mim mesmo. Para Werner Huth, um terapeuta experiente, o impasse do homem de hoje consiste justamente no fato de ter perdido seu eixo espiritual, perdendo o contato com seu próprio centro (cf. HUTH, 2000, p. 474). Para mim importa sobretudo interpretar a metáfora da porta de tal maneira que o ser humano se sinta tocado em seu anseio por um centro interior que lhe franqueie o contato com o seu verdadeiro eu”. (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite