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Terça, 26 de agosto de 2025

(1Ts 2,1-8; Sl 138[139]; Mt 23,23-26) 21ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós deveis praticar isto sem, contudo, deixar aquilo” Mt 23,23.

“Jesus Cristo aprova a observância da lei, mas não uma observância por amor ao legalismo, e denuncia a falta de veracidade e honestidade moral, ao silenciar aspectos tão importantes da vontade divina tais como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. A lei pela letra ou a lei pelo espírito não são, não devem ser duas proposições contraditórias, mas devem reunir-se, cumprindo a letra, mas animada pelo espírito. São Jerônimo explica-o com estas palavras: ‘É como se Jesus tivesse dito: ‘Jogais para trás os preceitos e as coisas santas e importantes e prosseguis com ardor os atos de religião, que vos proporcionam lucro, ou recusais as pequenas faltas, figuradas pelo mosquito, e cometeis desenfreadamente os maiores delitos, representados pelo camelo, animal grande e desajeitado’. No entanto, o Senhor Jesus nos faz perceber que o mais importante na lei é a Justiça, a misericórdia e a fé. É aqui que devemos colocar todo o nosso cuidado e é aqui que devemos ser exigentes com nós mesmos, aqui é que devemos apontar para o alto, de maneira que cheguemos a uma observância fiel e estrita desses três pontos: a justiça, a misericórdia e a fé. A fé supõe a aceitação incondicional da palavra de Deus, quer essa palavra divina se torne inteligível para nós, quer se torne ininteligível, quer a palavra de Deus convenha aos nossos desejos e conveniências terrenas, quer se oponha a elas. Pela fé, aceitamos a pessoa de Jesus Cristo, tal qual Jesus Cristo é e não pretendo criar um Jesus Cristo de acordo com o nosso gosto e com a nossa vontade. Essa fé absoluta e incondicional é que gera em nós a fidelidade: fidelidade à palavra de Deus, fidelidade à vontade de Deus, aos planos de Deus a nosso respeito, fidelidade à missão que o Senhor nos tenha destinado na terra. A justiça é também ‘o mais importante da lei’ e vem a transformar-se no fundamento de toda a lei, uma vez que toda a lei, para que seja válida, deve ser uma lei justa, que respeite todos os direitos e os direitos de todos e cumpra as exigências dos direitos dos outros. Porém se a justiça reconhecer os direitos de todos, deve reconhecer, aceitar e cumprir antes de mais nada os direitos de Deus, que estão acima de todos os outros direitos e que não podem pospor a nenhum outro direito. Olhe, pois, com atenção e analise com toda retidão, se em sua vida os direitos de Deus ocupam o primeiro lugar; você não poderá reconhecer e aceitar os direitos dos outros, se não reconhece e aceita os direitos que Deus tem em relação a você. Mas se ao olhar para Deus, surge em você a necessidade de justiça, ao olhar para seu próximo, verá a necessidade de observar com ele a justiça e a misericórdia. Você deve ser justo com seu próximo, porque ele também tem alguns direitos sobre você, e somente reconhecendo e aceitando esses direitos, é o que faz com que você pratique a justiça, princípio de toda virtude e fundamento de toda a lei. Com seu próximo, urge também a misericórdia; e a misericórdia supõe um coração bom, compassivo, terno e compreensivo. As relações com seu próximo devem ser presididas por um coração transbordante dos sentimentos: bondade, compaixão, ternura e compreensão. E isto é também o mais importante da lei’, na expressão de Jesus” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite