(2Cor 5,14-21; Sl 102[103]; Mt 5,33-37) 10ª Semana do Tempo Comum.
“Eu, porém, vos digo, não jureis de modo
algum: nem pelo céu, porque é trono de Deus, nem pela terra, porque é o suporte
onde apoia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei” Mt 5,34-35.
“Em
outras palavras, ensina e manda Jesus: não devemos jurar de forma nenhuma.
Quando ele afirma que não devemos jurar ‘nem pelo céu, nem pela terra, nem por
Jerusalém’, está usando uma figura retórica que poderia ser traduzida, hoje,
pela simples expressão ‘de forma nenhuma’ ou ‘nunca’. Por quê? O que estaria
por detrás desse ensinamento, quando nossas igrejas nos pedem juramentos de
amor e de fé em seus vários sacramentos? Estariam estes juramentos em oposição
aos ensinamentos evangélicos? Certamente que não! A proibição de Jesus aponta
para uma outra realidade: a da fragilidade da fé e do amor cristãos. Tanto a fé
quanto o amor são vulneráveis, são frágeis e só são fortes e inabaláveis pela
graça de Deus que os sustenta. Quem afirma: ‘Eu creio em Deus’ ou ‘amo meus
irmãos por fidelidade a Cristo’, pode tornar-se alvo de zombaria dos que não
acreditam nem aceitam as obras de caridade evangélica. Diante do mundo da
descrença e do mal, os crentes se encontram desarmados, pois todos podem ter
mil razões para crer e mil para não crer. A fé não é, em última análise, um
raciocínio, não tem argumentos apodíticos, não é uma evidência, nem é um
sentimento incontestável. Pelo contrário, ambos, fé e amor religiosos, são
frágeis por natureza, embora sejam uma certeza iluminada, pela graça de Deus.
Não é, por isto, com juramentos, que eles se sustentam, mas por graça e ajuda
de Deus. Como diz São Cipriano, todos podem ser mártires da fé, mas, aos
mártires, só Deus os pode coroar. – Senhor Deus, grande e bom, amparai
nossa fragilidade e fortalecei nossa fé, dando-nos consistência no amor. Isto
vos pedimos por Jesus, o autor e consumador da fé que professamos. Amém” (Neylor J. Tonin – Graças
a Deus [1995] – Vozes).
Pe.
João Bosco Vieira Leite