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Sexta, 16 de maio de 2025

(At 13,26-33; Sl 02; Jo 14,1-6) 4ª Semana da Páscoa.

“Jesus respondeu: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim’” Jo 14,6.

“O tema da ‘viagem’ caracteriza o capítulo 14 de João (notemos o emprego de termos como ‘ir’, ‘vir’, ‘caminho’). Uma leitura atenta de todo o capítulo faz-nos compreender que o tema de fundo não é tanto a iminente partida de Jesus, mas sim a situação na qual virão a encontrar-se os crentes depois da Sua morte e ressurreição. O contexto para indicar-nos que se trata de um tempo de dificuldade, de perseguição, de incompreensão, de crise. Eis então que as palavras do Mestre se tornam uma chave de interpretação da vida do cristão. [Compreender a Palavra:] Se os discípulos quiserem compreender o sentido da História na qual vivem, amiúde colocada sob o signo do desmentido (Cristo ressuscitou, mas nada muda!), devem movimentar-se no horizonte da fé, isto é, acreditar que Jesus, com a Sua morte e ressurreição, nos antecipou e nos preparou um lugar. Por conseguinte, o caminho que o discípulo deve percorrer é o caminho da Cruz e da ressurreição. Compreendemos assim por que Jesus, respondendo à pergunta de Tomé, disse: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’ (v. 6). O Mestre não afirma que diz a verdade ou que fala em nome da verdade, mas que é a verdade. Para João, a verdade não é conhecimento do ser, tal como a entendia o mundo grego; nem, como a entendia o mundo helénico-gnóstico, alguma coisa que se alcança somente siando da matéria, fugindo da História de forma a unir-se ao que é divino. Para João não é assim. Ele entende por verdade o movimento de comunhão que une o Pai e Filho: Jesus é a transparência plena, concreta, atingível dessa comunhão. A verdade manifesta-se numa história particular – a do Verbo que se fez homem – não num sistema de doutrinas” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma - Páscoa] – Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite